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O Pif: um bonito bar de vinhos com bons petiscos e vida de bairro

No novo bar de vinho dos Anjos, só há referências portuguesas de pequenos produtores. É para encher o copo ou levar para casa a garrafa.

Raquel Dias da Silva
Jornalista, Time Out Lisboa
bar de vinho a copo
©Mariana Valle LimaO Pif, nos Anjos
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Uma advogada francesa, uma viagem reveladora e uma paixão inesperada. Assim se resume a história de O Pif, o novo bar de vinho a copo dos Anjos, que também faz distribuição na cidade. A proprietária é Adélaïde Biret, que abandonou o seu trabalho num escritório de advogados para trabalhar na boulangerie Paul, em Santiago do Chile, onde descobriu o universo vínico e decidiu partir à descoberta das principais regiões do mundo. “Estive dez meses a conhecer vinhas e a visitar produtores com uma amiga, com quem tinha um blogue”, conta-nos, sentada na esplanada, um deque de madeira elevado com vista privilegiada para a passagem do amarelinho 28.

Portugal foi um acaso, confessa. Antes de se mudar para Lisboa, há cerca de quatro anos, esteve nos Estados Unidos, no México, no Japão, na Nova Zelândia, na Austrália, em Itália e em Espanha. Mas foram os vinhos portugueses a conquistá-la. “Há cinco anos, não conhecia o potencial. Não se ouve falar dos pequenos produtores. Para mim, são realmente especiais. Por causa da diversidade, pelo clima, pelas castas. Há mais de 250 castas. É incrível, excepcional”, diz, enquanto serve o único rosé da carta. “É da Quinta da Boa Esperança, perto de Torres Vedras. O produtor queria fazer um rosé que fosse tipo o de Provence, leve e frutado. Tem também um toque de salinidade, porque as vinhas ficam a 15 quilómetros do mar.”

bar de vinho a copo
Fotografia: Mariana Valle LimaQuinta da Boa Esperança Rosé 2019

Entre rosé, tinto, branco e espumante, encontramos n’O Pif pouco mais de duas dezenas de referências. Todas portuguesas, de pequenos produtores e de pouca intervenção, destaca Adélaïde, que as escolheu a dedo. “Quando comecei a pensar em abrir o bar, havia um mercado de vinhos no Campo Pequeno, de pequenos e médios produtores”, recorda a francesa, que visita adegas e vai a eventos vínicos com frequência. Como consultora e distribuidora, faz questão de conhecer e provar o que recomenda. O mais importante, afirma, é haver equilíbrio. "Têm de ter boa acidez", característica responsável pela dinâmica de um vinho em prova, explica. Se for adequada, proporciona uma sensação de frescura e estimula a salivação.

Não se preocupe: não é preciso perceber de vinho para apreciar as escolhas de Adélaïde. A ideia é, aliás, ir aprendendo e, se não souber o que pedir, há outro especialista na casa – o australiano e luso-descendente Bruno, responsável pelos surpreendentes shots digestivos, que nos convidam a provar antes de seguirmos caminho. A copo (desde 4€), os vinhos disponíveis vão rodando e vêm para a mesa, no interior ou no exterior, acompanhados de uma garrafa de água e de azeitonas temperadas. Para complementar, há queijo (6€) e outros petiscos como burrata artesanal (8,50€), rillettes com picles (8€) e chouriço de porco preto cru com kimchi (7€), que incluem sempre um cesto de pão, da Terra Pão, a padaria preferida de Adélaïde.

burrata com pão e vinho rosé
Fotografia: Mariana Valle Lima

“Às terças, é costume recebermos o Oyster Point, com ostras fresquinhas de Setúbal. E na semana passada, também recebemos pela terceira vez, um pop-up com um chef”, revela, referindo-se ao showcooking do chef Marin Clms. “Eu percebo de vinho e é bom ter cá quem perceba de comida.” É uma forma de enriquecer a experiência e aguçar a curiosidade de quem por ali passa. Ainda que, para dizer a verdade, seja impossível não dar pelo espaço, uma antiga loja de antiguidades, agora decorada em tons rosa e terrosos, inspirados no chão de azulejo original.

“Fazia-me falta um lugar assim, na minha rua. Para beber vinho, tinha de subir à Graça ou descer até ao centro. Agora já não”, diz, orgulhosa. “Era o que queria, ter um bar de bairro. Temos uma energia multicultural muito forte e agradável. Os vizinhos vêm cá, sentam-se para um copo ou levam uma garrafa.” No futuro, prevê provas de vinhos na cave d’O Pif, que ainda está a sofrer remodelações, assim como jantares de raclette, com harmonização de vinho. “O vinho é algo muito humano, porque nos junta à mesa. Posso ter o melhor vinho, mas se o beber sozinho não o aprecio tanto.”

Rua Maria 43A (Anjos). Ter-Sáb 17.00-23.00.

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