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De barra japonesa a balcão ibérico a barra japonesa novamente. No Praia no Parque, a passagem de Lucas Azevedo foi de tal forma marcante que quando se tentou mudar, com a saída do chef, continuou a faltar alguma coisa. Apostou-se em petiscos e numa carta descomplicada, mas a saída de Paulo Alves do Kabuki, restaurante com uma estrela Michelin, não muito longe daqui, acabou por abrir espaço a uma mudança também no Parque Eduardo VII que decidiu voltar a criar um sushi bar. Só funciona ao almoço, de segunda a sexta-feira. Longe da refeição ritualista que Lucas Azevedo impunha, mas ainda assim focado na qualidade do produto, Paulo Alves não acusa pressão, até por saber bem o que faz.
Sabe o peso do passado e respeita-o, mas não duvida de que se vive um tempo novo na barra do Praia no Parque – um tempo não só à sua imagem, como à imagem do restaurante, que ganhou fama pelas suas noites animadas. “Quero continuar o legado e a tradição que tem o Praia no Parque, mas com um menu mais descontraído. É um espelho do que sou”, diz Paulo Alves. “Não vou deixar de criar e de manter os standards elevados, mas quero que isto seja um sítio com boa onda”, continua o chef, que saiu do Kabuki no final do ano passado, no meio de um processo atribulado.
É verdade que foi no restaurante japonês de fusão mediterrânica nas galerias do Ritz que Paulo Alves se deu a conhecer, mas antes disso o chef contava já com uma dezena de anos no Avenida SushiCafé – além de uma passagem pelo Midori, o restaurante japonês do Penha Longa que se tornou escola na gastronomia japonesa em Portugal.
Nas mãos do chef
No Praia no Parque, está solto e feliz. Consigo trouxe Gonçalo Cabral, com quem trabalha há muitos anos. A carta é, à primeira vista, simples, sendo a grande aposta o menu omakase (75€), em que se pede uma entrega ao chef – e há, igualmente, um menu vegetariano (65€). Em sete momentos, criatividade e técnica resultam em pratos aparentemente simples, mas cheios de técnica e sabor. Começa com um aperitivo, que no dia em que nos sentámos na barra, foi uma barriga de atum com espuma de tomate, óleo de coentro e migas de pancetta, e segue para um sashimi com barriga de atum, lírio dos Açores, rodovalho de Sagres e salmonete de Peniche. “A ideia é aproveitar o que a costa dá porque esse peixe tem uma qualidade incrível”, aponta, explicando que, ao contrário do que acontece em muitos restaurantes do género, ali não se maturam os peixes. “Prezamos muito o corte e a temperatura do peixe.”
A refeição continua com o prato do chef – no caso, uma gulosa barriga de atum temperada sobre arroz, ikura, furikaki e gema de codorniz. Não faltam os nigiris que, de acordo com a escolha do cliente, podem seguir o estilo edomae (mais tradicional) ou criativo. Termina com um temaki e um fotomaki e sobremesa.
“Temos margem de manobra para podermos brincar um bocadinho e para não repetirmos pratos”, garante Paulo. “Amanhã vou receber ouriço e por isso se calhar no prato do chef já vou servir ouriço”, exemplifica. “Isto é bom para puxar pela criatividade e para o cliente não se torna uma coisa repetitiva”, conclui o chef que diz assumir este novo projecto com “tranquilidade e máxima responsabilidade”.
Parque Eduardo VII (Parque). 96 8 84 2 888. Seg-Sex 12.30-15.00
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