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O que é a família americana hoje? A resposta está no cinema

O Outsiders – Ciclo de Cinema Independente Americano exibe, entre 30 de Abril e 5 de Maio, 12 filmes inéditos em Portugal.

Escrito por
Eurico de Barros
Land Ho!
DRLand Ho!
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Lily Gladstone já tinha uma apreciável carreira antes de aparecer em Assassinos da Lua das Flores, de Martin Scorsese, e de ser nomeada para o Óscar de Melhor Actriz Secundária. É com um filme em que ela entrou pouco antes de ser dirigida pelo realizador de Taxi Driver e Touro Enraivecido, intitulado The Unknown Country (2022) e assinado por Morrisa Maltz, que abre, a 30 de Abril, a terceira edição do Outsiders – Ciclo de Cinema Independente Americano. Gladstone, que também participou na escrita do argumento, interpreta Tana, uma jovem nativa americana que cortou com a família e com a sua tribo, os Oglala Lakota, e está de luto por um familiar próximo. Após receber um convite inesperado para um casamento, mete-se no carro e ruma à fronteira do Texas com o México, para uma road trip solitária que se vai revelar cheia de surpresas.

The Unknown Country é um dos 12 filmes independentes americanos que compõem o programa do Outsiders 2024, uma iniciativa da FLAD – Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento, em co-produção com o Cinema São Jorge. Como é apanágio deste ciclo desde o início, todos os seus títulos são de produção indie e estão inéditos em Portugal. Como frisa o programador da iniciativa, Carlos Nogueira, “estes filmes mantêm-se fiéis ao espírito que procurámos imprimir aos nossos Outsiders desde o início: respeito pela diversidade, procura da representatividade e atenção ao aspecto lúdico”.

O ciclo decorre no Cinema São Jorge e na Faculdade de Belas-Artes, e termina a 5 de Maio. Este ano tem como tema a família, nas suas várias declinações, e pergunta, mais especificamente: “O que é, hoje, a família americana?” Os 12 filmes a exibir dão (algumas) respostas.

A Bread Factory
DRA Bread Factory

Patrick Wang apresentou a sua primeira longa-metragem, In the Family (2011), na edição de estreia do Outsiders. O realizador regressa agora como convidado desta edição número 3. Além de dar uma masterclass na Faculdade de Belas-Artes, a 3 de Maio (17.00), apresenta também duas das suas fitas. São elas The Grief of Others (2015), passada no seio de uma família que procura lidar com a perda de um filho recém-nascido; e A Bread Factory (2018), obra dividida em duas partes, sobre uma comunidade artística gerida por duas amigas há 40 anos numa pequena cidade do interior dos EUA, e que fica com a sobrevivência ameaçada quando um casal de célebres artistas de performance chineses começa a construir um enorme complexo dedicado às artes na mesma rua que a delas. O filme conta no elenco com Tyne Daly, Elizabeth Henry, Janeane Garofalo e Glynnis O’Connor.

Entre as outras fitas estão títulos como Land Ho! (2015), de Aaron Katz e Martha Stephens, rodado nos EUA e na Islândia, uma comédia sobre dois ex-cunhados que estão reformados e decidem fazer uma viagem àquele país para recordar os tempos de juventude e reacender a sua amizade, acabando a pintar o sete por toda a Reiquiavique; The Cathedral (2021), de Ricky D’Ambrose, em que um filho único nos guia pelos altos e baixos da sua família tipicamente americana ao longo de 20 anos, e que explora temas como a memória, a identidade e a nostalgia; ou ainda Birth/Rebirth (2023), de Laura Moss, uma história de terror sobre uma mulher que trabalha como técnica numa morgue e consegue trazer de volta à vida uma menina, embora para a manter assim precise de recolher material biológico de mulheres grávidas. A realizadora revisita o mito de Frankenstein pelo prisma da maternidade, nesta fita que foi considerada por muitos fãs de terror como uma das melhores deste género feitas nos EUA no ano passado.

A Thousand and One
DRA Thousand and One

O Outsiders encerra com a exibição não de um, mas dois filmes. O primeiro é Bloody Nose, Empty Pockets (2020). A história contada pelos irmãos Bill Ross IV e Turner Ross passa-se em Las Vegas, num bar chamado The Roaring 20’s, que está prestes a fechar, e é uma produção híbrida que combina elementos documentais e ficcionais. O segundo filme é uma estreia nas longas-metragens, A Thousand and One (2023), da realizadora e argumentista A.V. Rockwell. Uma jovem negra acabada de sair da prisão decide, em desespero, subtrair o filho de seis anos à família de acolhimento em que foi colocado, repetindo o que a mãe fez quando ela era uma criança. A Thousand and One foi exibido nos festivais de Berlim e de Locarno e ganhou o Grande Prémio do Júri do Festival de Sundance de 2023, fechando assim com chave de ouro indie este terceiro Ciclo de Cinema Independente Americano.

Cinema São Jorge. 30 Abr-5Mai. Vários horários. 4,50€

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