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O que é o Temple Run Challenge e por que motivo os conservadores o condenam?

Angkor Wat é o maior templo do mundo e, agora, é também o cenário de uma tendência de TikTok que está a gerar preocupação.

Liv Kelly
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Liv Kelly
Contributing Writer
Angkor Wat, Siam Reap, Cambodia
Angkor Wat, Siam Reap, Cambodia I Photograph: Shutterstock
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Vamos recuar a 2012 – Londres acolhia os Jogos Olímpicos, "Gangnam Style" estava na moda, e, quem já era utilizador de um smartphone, é provável que andasse jogar Temple Run. Para um jogo simples, era bastante viciante – e 13 anos depois do seu lançamento, está de volta... na vida real.

A verdade é que um templo que existe mesmo – Angkor Wat, no Camboja, o maior complexo de templos do mundo – tornou-se o pano de fundo de uma tendência no TikTok, onde criadores correm, saltam e tentam deslizar pelas estruturas, numa recriação do Temple Run na vida real, que imita as acções do jogo virtual.

Os vídeos estão a acumular milhões de visualizações, bem como comentários que elogiam os seus criadores por mostrarem o potencial turístico do Camboja.

Pode parecer apenas uma brincadeira, mas a tendência também tem vindo a despertar muita preocupação entre conservadores e académicos. Em primeiro lugar, pessoas a correr e a saltar por estas estruturas (que terão cerca de 900 anos) representa um risco de danos enorme. Foi exactamente o que aconteceu à antiga cidade italiana de Matera quando um grupo de praticantes de parkour, que a visitou em Junho, partiu uma parte de um edifício histórico enquanto praticava corrida livre.

Além disso, Angkor Wat é Património Mundial protegido, e, em vez de o visitarem para tentativas de parkour, a UNESCO incentiva os visitantes a abordarem [o local] com "respeito e curiosidade".

Um porta-voz da organização disse ao The Independent que, embora seja bom destacar a indústria turística de um destino (o Camboja tem tido dificuldades em recuperar os números de visitantes pré-pandemia), os efeitos negativos do turismo em excesso podem ser exacerbados por tendências como esta. Além disso, afirmou: "A obsessão em captar e publicar o vídeo perfeito pode desviar a atenção da verdadeira experiência de viagem, diminuindo o envolvimento com o significado cultural e histórico de um local". Por outras palavras: não vivam a vida através de um ecrã, pessoal.

Especialistas criticaram a falta de respeito, não só pelo edifício, mas também pelo que ele representa para o património do Camboja. Simon Warrack, consultor de conservação, disse à Bloomberg: "Não é apenas o potencial dano às pedras, causado por pessoas a esbarrar com objectos ou a derrubá-los – o que é real –, mas também os danos ao valor espiritual e cultural dos templos."

Mais um episódio de turistas com mau comportamento, portanto. Confie em nós – Angkor Wat é suficientemente impressionante sem ser preciso saltar e correr por entre as suas estruturas.

Aqui encontra o melhor do Camboja (sem performances nas redes sociais).

Turismo em excesso

O sobreturismo tem estado – ironicamente – na ordem do dia, e na Time Out temos estado atentos ao tema. Pode ler desde a análise aos impostos turísticos à investigação sobre comportamentos descontrolados dos turistas, passando pelo trabalho recente sobre se a Europa conseguirá recuperar do número extremos de visitantes.

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