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De 'mamarracho' a 'Franjinhas'

O Rossio na Betesga #10 – Toda a cidade em pequenas curiosidades

Helena Galvão Soares
Jornalista
Franjinhas
©Inês FélixFranjinhas
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Nos anos 60 e 70 o boom do terciário leva a que comecem a surgir, sobretudo nas Avenidas Novas, banais e anónimos edifícios de escritórios. Nenhum destes adjectivos, porém, se aplica ao Edifício Franjinhas, construído entre 69 e 71 e projectado pelo ateliê de Nuno Teotónio Pereira, com Nuno Portas e João Braula Reis.

É um edifício de desenho inovador, pela forma como o piso térreo se relaciona com a rua, sendo de certa forma o prolongamento dela nas galerias comerciais. E é um edifício extravagante, com as suas palas de betão de comprimentos variados a proteger as janelas dos pisos de escritórios.

Talvez por isso tenha sido Prémio Valmor de 1971. E também talvez por isso tenha sido um dos principais alvos de crítica da campanha promovida em 1972 pelo Diário Popular, intitulada “Os Mamarrachos em Questão”, contra os edifícios que estariam a desfigurar a capital. “Há ceroulas de cimento armado penduradas à janela” é um dos muitos mimos com que o edifício é presenteado nas páginas do vespertino, ao longo do mês e meio que dura a polémica, instigada pelo próprio jornal, que incentiva a participação de todos os leitores.

Polémicas à parte, nenhum outro prédio de escritórios teve direito a uma alcunha tão carinhosa e popular ao ponto de acabar por se tornar o nome oficial do próprio edifício. O Franjinhas original, que inspirou a alcunha, era o cão protagonista da então muito popular série de animação infantil O Carrossel Mágico (na imagem abaixo).

O Carrossel Mágico
DR

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