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Se fosse filme, tinha bolinha vermelha, se fosse BD, era para adultos, mas é o Convento da Graça: toda a gente pode entrar.
O painel de azulejos logo à entrada para o claustro, já é bastante sugestivo: a pairar sobre cabeças de degolados, está um ser constituído por umas nuvens de onde sai um braço empunhando um grande martelo.
Lá dentro, a enorme Sala do Capítulo é revestida por painéis de azulejos do século XVIII que contam histórias de religiosos portugueses que chegaram às mais diversas paragens do mundo e lá encontraram o fim das suas vidas, de formas – como dizê-lo – desagradáveis… Cruelmente açoitados e lançados ao mar, trespassados por setas, lanças e espadas, defenestrados, degolados, queimados vivos… e não só às mãos de árabes, também de luteranos e calvinistas, com quem até partilham o mesmo Deus.
Para a nossa linguagem visual actual, mais explícita, a violência dos painéis não é imediatamente óbvia, exceptuando talvez o da única mulher representada. É a rainha do Gorgistão (Geórgia), a Venerável Dona Gativanda, a quem estão a ser extirpadas as mamas com tenazes de ferro em brasa. Da sua boca saem as palavras “Adjuva me Deus in tortura mamilaria…” Contudo, a expressão dela é tão plácida que dir-se-ia que está num spa. Será da Fé?