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O Rossio na Betesga #17: uma bancada de marcenaria nos Prazeres

Helena Galvão Soares
Jornalista
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Quando se entra no Cemitério dos Prazeres percebe-se que a expressão “última morada” é realmente levada muito à letra.

A generalidade dos jazigos são isso mesmo: casas, com portas, janelas, telhado. Umas maiores e sumptuosas, de estilos arquitectónicos revivalistas, com pináculos, frontões, estatuária e, claro, os brasões da família. Outras há que são mais discretas, algumas, até humildes. É uma pequena cidade dentro da cidade, espelhando-a.

Pois não foi nada disto que o mestre de obras José Alexandre quis para o seu futuro, no pós-vida. No jazigo 1650 da Rua 14 do Cemitério dos Prazeres encontra-se este originalíssimo túmulo.

José Alexandre quis em morte fazer-se acompanhar dos objectos que o rodearam em vida. Aqui temos uma bancada de carpintaria a que não falta nada: goivas, plainas, esquadros, torno, serra de madeira, escopros, martelo, perfis de desenho de encaixes... Os instrumentos têm até o número de série gravado, como os verdadeiros. Isto, sim, é amor à profissão.

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