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Nos roteiros dedicados aos mistérios que a cidade esconde, esta esquina marca presença quando o tema é "Lisboa Maçónica". O que está ali não é um vulgar passou-bem, dizem, mas sim um aperto de mão maçónico, “o aperto de aprendiz”, e a prova disso, justificam, é a posição dos dedos. Ampliamos a foto ao máximo: um aperto de mão banal, dedos na posição normal. Só se o aperto de mão de aprendiz simula um vulgar aperto de mão. E, nesse caso, nada se poderá concluir: este cumprimento tanto poderá ser normal como maçónico.
O que é um facto é que esta esquina exuberantemente adornada com um aperto de mão ao centro é intrigante. Porquê um aperto de mão? A história do local traz luz ao mistério. Nesta esquina estava instalada a Manteigaria União, uma requintada loja da Martins & Rebello que comercializava a Manteiga União em latas com o logotipo que aparece nesta fachada: o aperto de mão.
A empresa foi fundada em 1901 e teve um percurso de enorme sucesso. Os lacticínios Primor e o queijo Castelões são alguma das conhecidas marcas que lançou e que subsistem até hoje. Nas décadas de 50 e 60 chegou aos 700 empregados e 400 viaturas para distribuição pelo país. Na antiga sede da empresa, no largo Camões, onde ainda se pode ler Manteigaria União na fachada, está hoje instalada a Manteigaria, uma marca de pastéis de nata que adoptou o antigo logotipo: o famoso aperto de mão.
Sobre a pertença dos dois sócios a alguma loja maçónica não se encontraram registos, mas António Cardoso Rebello e Alfredo Martins hão-de ter dado um valente bacalhau ao fecharem este frutuoso negócio. E que melhor emblema poderiam ter escolhido, para uma empresa a que até chamaram União?