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O Rossio na Betesga #23: o zoológico da Tapada das Necessidades

Helena Galvão Soares
Jornalista
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Quem depois do piquenique se tiver aventurado para lá do relvado da Tapada das Necessidades há-de se ter deparado com três pequenas casinhas quadrangulares, abandonadas, com gradeamentos em ferro que delimitam recintos na frente e traseiras. Avançando pela alameda de lódãos, encontra-se uma casa de maiores dimensões e depois mais três casinhas idênticas às anteriores. Com aquelas dimensões não seriam casas de habitação, mas a verdade é que já foram habitadas – só que por animais.

Estas foram as instalações criadas pelo rei D. Fernando II para albergar um pequeno jardim zoológico que incluía aves raras, macacos do Brasil e outros animais. O objectivo seria o de desenvolver os conhecimentos sobre fauna dos príncipes D. Pedro e D. Luís. Mas a flora também não foi descurada. Um ilustre visitante, Hans Christian Andersen, elogia a forma como D. Fernando II transformou o velho parque abandonado num jardim encantador, “com vastas estufas onde cresciam as mais raras plantas tropicais”. O que nos leva à elegante estufa circular mandada construir por D. Pedro V mesmo ao lado da alameda do jardim zoológico.

A cúpula da Estufa da Tapada das Necessidades
@HGS

Ter-se-á dado aqui um fenómeno atmosférico de grande raridade? Terá uma chuva de meteoritos caído sobre a estufa atingindo-a somente na face virada para a alameda? São visíveis os buracos criados pelas pedras nos vidros. Quer dizer, há uma outra hipótese. Podem ter sido pessoas à pedrada aos vidros, pouco depois da intervenção que recuperou integralmente esta lindíssima estufa. Mas isso não fazia sentido, pois não?

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