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Em toda a valiosa colecção do Museu do Azulejo, este será o painel que mais facilmente fará o visitante soltar uma gargalhada ou esbugalhar os olhos. O que faz aquela galinha dentro de um coche?
E no canto oposto, aquilo é uma orquestra de macacos instrumentistas? O olhar é puxado para cada pormenor.
O painel chama-se O Casamento da Galinha e é uma singerie (macacaria), um estilo em que os protagonistas são macacos (sim, daí o nome) em trajos e actividades humanas, com intenção geralmente satírica. Embora estas figuras já apareçam como apontamentos nas iluminuras medievais, o estilo surge em força na pintura flamenga do século XVI e XVII e espalha-se pela Europa nos séculos seguintes em frescos, mobiliário, cerâmica, serviços de louça... Em Portugal, como não podia deixar de ser, surge em azulejo. A nobreza que acabara de sair vitoriosa da Guerra da Restauração (1640-1668) investiu na construção de novas quintas de recreio e encomendava painéis de azulejo para o revestimento de casas e jardins. Foi em duas dessas quintas que surgiram os painéis de macacarias que chegaram até hoje.
O painel O Casamento da Galinha foi trazido da Quinta de Santo António da Cadriceira, no Turcifal, e outros exemplares de singeries podem ser vistos nos jardins do Palácio dos Marqueses de Fronteira.
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