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Entre Alcântara e Santos encontram-se as duas Gares Marítimas construídas nos anos 1940 num plano de modernização do Porto de Lisboa. Ambas são belíssimos edifícios projectados pelo arquitecto Porfírio Pardal Monteiro, com enormes e espectaculares painéis murais de Almada Negreiros nos salões de recepção dos passageiros. Pena é os lisboetas não os poderem ver, porque estão encerrados ao público. (Não podiam abri-los um domingo por mês? Ou umas quantas vezes por ano, já era alguma coisa... fica a sugestão.)
Mas o que nos traz a estas gares são os seus nomes. Gare Marítima de Alcântara não tem grande ciência – fica na Doca de Alcântara, em Alcântara. Mas, Rocha do Conde de Óbidos? É difícil de conceber que ali à beira-Tejo existisse uma rocha com dimensões tais que desse nome ao local. E mais, a ter existido, o que lhe aconteceu?
Como muitas vezes acontece, as referências no mar estão em terra, e é esse o caso aqui. De costas para a gare e olhando para terra, lá está ela, a Rocha, um penedo que se via do Tejo, bem acima dos edifícios da actual 24 de Julho. Sobre ele foi construído no século XVII o Palácio do Conde de Óbidos, hoje sede da Cruz Vermelha. A partir do Palácio começou a criar-se um pequeno império onomástico que se estendeu ao jardim (actual Jardim 9 de Abril), miradouro e escadaria, que ficaram conhecidos como Jardim, Miradouro e Escadinhas da Rocha do Conde de Óbidos. Dali para o Tejo, foi um pulinho.
Embora as gares não estejam abertas ao público, o Porto de Lisboa faz visitas guiadas gratuitas para grupos com um mínimo de dez pessoas. Marcações: 21 361 1025/6