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É na Baixa Pombalina que as encontramos: ruas que parecem, propositadamente, querer baralhar forasteiros.
Aqui uma placa com um nome, um quarteirão à frente, nova placa com outro totalmente diferente. É o que acontece na Rua dos Fanqueiros, também Rua Nova da Princeza; na Rua do Comércio, que passados uns metros se chama Rua de El Rei; e na Rua da Prata, que também é Rua Bella da Raynha. Já a Rua do Ouro, que qualquer lisboeta conhece, oficialmente nem existe, chama-se Rua Áurea.
Os nomes originais destas ruas foram atribuídos pelo decreto régio de 5 de Novembro de 1760, o primeiro documento a regulamentar a toponímia da cidade de Lisboa. Também a 5 de Novembro, mas de 1910, um mês após a implantação da República, foram rebaptizadas todas as artérias com nomes relativos à Monarquia.
Estas datas são más notícias para a muito popular teoria de que o Marquês se teria rodeado de maçons e de que toda a Baixa estaria construída seguindo princípios esotéricos. O plano de reconstrução da Baixa de Eugénio dos Santos e Carlos Mardel teria, segundo estas teorias, um eixo central, a Rua Augusta, que nos dirigia à augusta figura de D. José. A ladeá-la teríamos a Rua do Ouro, e toda a sua simbologia solar e masculina, e do outro a Rua da Prata, e toda a sua simbologia lunar e feminina. Só que a Rua da Prata só recebeu este nome em 1910... mais de 150 anos depois, portanto.
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