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Há um portão em São Domingos de Benfica com caracteres... misteriosos. Fomos investigar.
Estamos em São Domingos de Benfica, em frente à Quinta e Palácio da Alfarrobeira, e os olhos são logo chamados para a data sobre o portão. Então vamos lá saber quando é que foi construída! Mas... que numeração é aquela? Não há nenhum C invertido na numeração romana.
Corremos para o site do Património Cultural em busca de ajuda: “[portão] com o vão em arco abatido e dupla moldura, flanqueado por pilares de silharia fendida, rematando em friso de falso dórico, e cornija (...) portão metálico parcialmente vazado e ornado por elementos fitomórficos”. Esmagador. Mas sobre a data, nada.
A Wikipédia traz-nos luz. Tal como aconteceu com as letras do alfabeto, que foram mudando ao longo dos séculos, também a numeração romana teve outras encarnações – até porque vem da etrusca, que é radicalmente diferente. Os símbolos etruscos vão evoluindo e assemelhando-se às letras do alfabeto. O C para 100 já existia antes, mas só no fim da República (terminou em 27 a. C.) é que L e D, para 50 e 500, começam a ser usados. O M para 1000 só começa a aparecer na Idade Média.
Neste portão foi usado o antepassado do M: o CI mais C ao contrário; e também o do D: I mais C ao contrário. A partir daí, ler a data é fácil: é só somar o CCXXVII.
E agora, sim, sabemos a data em que a propriedade que agora alberga a Junta de Freguesia de São Domingos de Benfica (e que foi desenhada por João Frederico Ludovice, arquitecto do Convento e Basílica de Mafra, para ser sua residência de Verão) foi concluída: sim, é isso mesmo – em 1727.
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