[title]
Os ventos do Oriente trouxeram esta taberna asiática para Alvalade: o Soão, o novo restaurante do grupo Sea Me, tem pratos de seis países da Ásia.
Os tapumes sépia com um carimbo vermelho ainda forram a fachada do edifício envidraçado ao lado do Cinema City de Alvalade, escondendo uma enorme cabeça dourada a soprar os ventos quentes e secos vindos do Oriente – o soão –, candeeiros em papel de arroz com caracteres chineses, um mapa-mundo de seda. O novo restaurante do grupo Sea Me que abre esta quinta-feira é uma taberna asiática com dois pisos com ambientes distintos, muita atenção ao pormenor, pratos de seis países da Ásia, cocktails de autor e cerimónias do chá.
Rui Gaspar, um dos sócios do grupo Sea Me, e Luís Cardoso, chef executivo deste Soão e ex-pupilo de Takashi Yoshitake (o fundador do Aya, referência incontornável da gastronomia japonesa em Portugal), passaram três semanas em viagem, entre Banguecoque, Seul, Hong Kong e Macau, e trouxeram muitas ideias para servir na mesa e para a própria decoração do restaurante.
Passando a ombreira da porta, entramos num ambiente muito característico de tascas asiáticas, tudo em madeira, meio tosco mas com muitos pormenores em panos pintados, candeeiros que são redes de pesca ou chapéus de palha. É neste primeiro piso que está o balcão da robata, com 11 lugares à frente do chef. Há um aquário com lavagantes e lagostas, uma vitrine de sushi e cestos de bambu com malaguetas, espargos, batata doce, lombos de carne, ostras, limas e duas, três espécies de peixe fresco. “Não há propriamente uma carta, é uma interacção entre o chef e o cliente. É ir apontando e dizer o que quer comer”, explica Rui Gaspar. Segue tudo para a robata, feita com uma grelha desenhada pelos responsáveis do espaço à medida do Josper. Aqui, além destes pratos na grelha exclusivos do balcão, dá para comer os restantes quentes da lista, sushi e sashimi.
A carta é extensa e com propostas do Japão, Índia, China, Vietname e Tailândia. Há chamuças de cabra, caril e molho de iogurte e menta da Índia (7€), asas de frango crocantes com molho coreano e sementes de sésamo da Coreia (7€), pho com rabo de boi, aromatizado com lima e especiarias do Vietname (11€), a sopa tom yum kung da Tailândia (9,50€), pratos tailandeses com a expertise de Tep, o sous chef até agora no Thai Garden, no Algarve. A massa dos dim sums é feita pela cozinheira vietnamita Ha e são servidos nos cestos de vapor como manda a tradição. Há os thai xiao long bao (6€), também chamados soup dumplings, explica Luís Cardoso, que têm técnica para comer porque o interior tem um caldo: “fura-se primeiro, deixa-se o caldo escorrer para a colher, come-se o bolinho e depois sorve-se o caldo”. Há também outros, recheados com lavagante, champanhe e gambas (6,50€), ou os de frango e vieira da Escócia (7€), além dos mais tradicionais, com porco e mel (5€).
Os baos, típicos das ruas de Taiwan, também são caseiros, mais amarelados do que os que se compram congelados, e recheados com porco desfiado, molho de feijão preto, coentros, pepino e amendoim (7,50€), wagyu e amendoim (9,50€), ostras panadas e pêra asiática (9€) ou barriga de porco com molho hoisin, coentros e courato (8€). Nas recomendações do chef há caril verde ou vermelho (16€), unajyu, uma caixa com arroz coberta com enguia grelhada e caramelizada (22€), pad thai (16€) ou o prato da Coreia do Sul galbijjim, uma costela de vaca marinada e cozida a baixa temperatura (11€). Na lista de sushi há sashimi de atum gordo, meio gordo ou magro braseado e servido com molho de soja, gengibre e cebolo (23€), taças de chirashi (28€), rolos de barriga de atum (9,50€), camarão tigre e yuzu (22€) ou de pele de salmão crocante (9€). Há ainda sashimi de lagosta ou lavagante vivos, servidos com sopa miso de cabeça dos mesmos (55€).
No piso debaixo, onde se pode comer tudo isto, há outra experiência – as ementas são até encadernadas de maneira diferente, para fazer a distinção total. São quatro salas privadas, num ambiente de luxo decadente, com mesas redondas e muitos detalhes nas paredes, seja em seda, veludo ou bambu, e um mural do artista Miguel Burumm. É aqui que está o bar, apenas para serviço, comandado pelo bartender Vasco Martins, que passou pelo Bairro Alto Hotel, e serve aqui sakés e outros destilados asiáticos, como o baijiu e o sojus, bem como cocktails de autor que de simples não têm nada – o da foto chama-se Xangai, é feito com aguardente chinesa, pitaia, xarope de ostra e de amêndoa, e vem num tabuleiro com dois bules e uma chávena. Verte-se o cocktail por cima de gelo seco e há todo um fumo “a fazer lembrar as casas de ópio da China”, explica Vasco.
A acompanhar as refeições há ainda uma série de chás escolhidos por Sebastian Filgueiras, numa parceria com a Companhia Portugueza do Chá. Aliás, com as sobremesas – que seguem o mesmo roteiro asiático, com paragem na Tailândia para o arroz glutinoso com manga e leite de coco (7€), na China para o mantou, um pão chinês para mergulhar em leite condensado (6,50€) ou na Índia com a samosa de chocolate e coco (6,50€) – há uma cerimónia de chá com whiskey. Caso para dizer, boa viagem.
Avenida de Roma, 100 (Alvalade). Seg-Qui 12.30-15.30/19.30-23.00, Sex 12.30-15.30/19.30-00.00, Sáb 12.30-00.00, Dom 12.30-23.00.