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Sónar instala-se em Lisboa pela terceira vez em Março. E espera “continuar aqui por muito tempo”

As edições lisboetas do festival, em 2022 e 2023, foram consideradas um sucesso pelos organizadores, em Portugal e em Espanha. Um crescimento sustentável é o objectivo.

Luís Filipe Rodrigues
Editor
Sónar Lisboa
Pedro FranciscoSónar Lisboa
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Trinta anos depois da primeira edição, em Barcelona, o Sónar é um dos mais importantes festivais de música electrónica e experimental do mundo. Uma verdadeira “instituição europeia”, de acordo com The New York Times – mas que ao longo das duas últimas décadas se espalhou por todo o mundo, com edições nas Américas, em África e na Ásia, além de vários pontos na Europa. E volta a Portugal entre 22 e 24 de Março, pelo terceiro ano consecutivo, com os olhos postos no futuro.

“Inicialmente tínhamos apontado para três anos, para ver se isto fazia sentido [em Lisboa]. Claramente faz”, assume Enric Palau, co-director e um dos fundadores do festival de música e arte digital catalão, que ao longo dos últimos anos tem também delineado os contornos do Sónar em Lisboa, juntamente com a equipa responsável pela edição portuguesa. “Agora não há outro prazo, estamos a trabalhar para o futuro, ano a ano.”

“É muito complicado organizar um festival, como sabemos pela nossa experiência de 30 anos em Barcelona”, continua Enric. “Vai ser um trabalho duro, porém entusiasmante. E esperamos estar aqui muito tempo.” Uma intenção partilhada por Patrícia Craveiro Lopes, uma das responsáveis pela edição portuguesa, que este ano volta a concentrar a programação no Parque Eduardo VII. O Sónar Lisboa “é um projecto de longo prazo”, repete. “Já estamos a pensar [o que vamos fazer] para o ano. E para o ano a seguir, e depois ainda.”

Esta visão de longo prazo ajuda a perceber as diferenças entre a edição de Lisboa, que em 2023 recebeu cerca de 20 mil pessoas, e o festival de Barcelona, que teve mais de 120 mil espectadores no mesmo ano. É natural que o cartaz catalão seja mais sedutor. Enric Palau não vê mal nisso. Há uma diferença “de magnitude”, reconhece. “Mas a edição de Lisboa representa muito bem o que é o Sónar e a sua diversidade. É uma celebração e um convite à descoberta de novas músicas.”

Por enquanto, a organização não pretende “fazer um Sónar muito grande” na capital portuguesa. “Queremos que cresça organicamente. E ir consolidando-o passo a passo. Não queremos criar, de um dia para o outro, um festival para cem mil pessoas. Até porque isso seria complicado – além de artificial. Preferimos trabalhar com mais calma. E crescer de acordo com a procura e a aprendizagem que fizermos.”

Oneohtrix Point Never
© Timothy SaccentiOneohtrix Point Never

“Trazer o mundo para Lisboa e levar Lisboa para o mundo”

Há meia centena de músicos e DJs confirmados para a terceira edição lisboeta do Sónar, incluindo referências e valores seguros da música electrónica e de vanguarda internacional. Oneohtrix Point Never, figura tutelar de uma electrónica nostálgica e ambiental, assombrada por fantasmas e memórias pop, é o nome mais relevante do cartaz. Há, no entanto, outros artistas estrangeiros que se destacam e merecem ser ouvidos com atenção – como Shygirl, Sevdaliza, Tommy Cash, Tiga e Hudson Mohawke, entre muitos outros.

Também há muitos portugueses. “Nunca foi a nossa intenção, quando começámos a trabalhar no Sónar Lisboa deste ano, [ter tantos portugueses]. Mas de repente tínhamos mais de 20 artistas da cena local e descobrimos, com a ajuda da equipa de Portugal, a sua variedade e riqueza”, admite Enric Palau. “Desde a experimentação de XEXA ao r&b de iolanda ou as diferentes abordagens electrónicas de um Vanyfox ou um Moullinex. São exemplos muito diferentes, mas todos muito interessantes”, continua. “É o Sónar fora de Barcelona com mais artistas locais, além do Japão.”

Só faltam mesmo espanhóis no cartaz. Algo ainda mais notório numa altura em que a música cantada na língua de Cervantes bate recordes de audiências e financeiros em todo o mundo – e em Espanha, no ano passado, a cantora Bad Gyal, que esbate as fronteiras do trap, do reggaetón e do dancehall, foi uma das cabeças de cartaz, a par de Aphex Twin. 

A organização está ciente deste ângulo morto. “No primeiro ano tentámos trazer quatro projectos muito interessantes de Barcelona, e é algo que queremos fazer todos os anos”, garante Enric. “Todavia, em Lisboa, temos um formato ainda muito reduzido. Consideramos muito cada artista, cada slot, para ser representativo dos diferentes estilos que queremos cobrir. É só por isso que não há artistas de Barcelona este ano. Mas queremos trabalhar para que estejam aqui. Para que haja mais ligações entre Lisboa e Barcelona. E vice-versa.”

Vários locais no Parque Eduardo VII. 22-24 Mar (Sex-Dom). 45€-245€

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