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Poucas palavras condensam tão bem os conceitos de luxo, legado e moda como esta. Dior lê-se agora, e pela primeira vez, numa série de toldos na Avenida da Liberdade. A marca francesa, fundada em 1946 (embora a primeira colecção tenha sido apresentada apenas no ano seguinte), não fez por menos e ocupou um edifício estrela da artéria mais cara do país. O número 85, erguido no final do século XIX, é ele próprio uma peça do puzzle lisboeta. Agora recuperado, conta a história dos Keil, família de origem alemã, em particular do homem que compôs o hino nacional português, Alfredo Keil.
Mas a história que agora se conta é outra e chega directamente de Paris. Com um pé-direito de seis metros, a entrada da primeira loja Dior em Lisboa aproveita toda a luz que a capital portuguesa tem para dar e vender. As borboletas, embaixadoras da última colecção cruise (propostas estivais para o Inverno do hemisfério Norte), pousaram em nas montras, nos estampados da roupa, nos bordados dos acessórios.
Mas as atenções depressa se viram para a estrutura colossal, suspensa nas escadas. Joana Vasconcelos trouxe umas das suas valquírias para abrilhantar a boutique. Feita à medida, em harmonia com a paleta do espaço, percorre os três pisos. E não é a única obra da artista portuguesa, cujas boas relações com a Dior já vão longas, que encontramos. Há ainda dois painéis de azulejos a unir Paris e Lisboa através de linhas abstractas e cores vibrantes.
Para a nova loja, vieram diferentes linhas da marca – peças de joalharia integradas na colecção desenhada por Maria Grazia Chiuri, mas também as jóias assinadas pela directora criativa da Dior Jewelry Victoire de Castellane, onde encontramos as primeiras peças unissexo da casa francesa. Há óculos de sol, perfumaria de nicho e toda a sorte de marroquinaria que faz desta uma das marcas mais cobiçadas do mundo. Os clássicos falam por si – da mala Saddle à Lady Dior, dos sapatos J'adior (disponíveis com três saltos diferentes) ao casaco Bar, peça seminal da herança de Christian Dior, parte da silhueta que ajudou a redefinir a imagem feminina no pós-guerra. O New Look, como ficou conhecido, revolucionou a moda em 1947. Esta e outras peças históricas da maison continuam a ser revisitadas e redesenhadas sob a etiqueta Dior 30 Montaigne.
Ainda assim, há espaço que baste para expor também as novas criações, em parte pensadas para responder à obsessão em torno do logo Christian Dior. No piso de cima, a colecção feminina em todo o esplendor. Para uma loja com mais de mil metros quadrados (maior do que qualquer uma das lojas em Espanha), a mira criativa da Dior não se ficou pelos trabalhos de Vasconcelos – o espaço exibe ainda obras de Pedro Calapez, mas também da brasileira Valéria Nascimento, conhecida pelo trabalho desenvolvido em cerâmica, e do espanhol Bruno Ollé.
Mas o segredo mais bem guardado da boutique está no primeiro andar. Uma porta para um jardim exterior, inteiramente decorado com mobiliário Dior. As flores e arbustos criam um oásis em plena cidade (e com vista para a Praça da Alegria), além de remeterem para outra das grandes paixões do monsieur Dior: os jardins e a floricultura. Desafogado, o espaço foi pensado para incluir áreas de estar – do pequeno retiro privativo, aos sofás e poltronas no interior, os clientes são convidados a relaxar, tomar um café, um chá ou uma taça de champanhe.
O segundo e último andar fica reservado ao pronto-a-vestir masculino. Aqui, as criações obedecem ao génio criativo do britânico Kim Jones e seguem dois caminhos distintos – uma visão mais moderna e contemporânea do guarda-roupa do homem, sem esquecer a importância da alfaiataria clássica. O ambiente também muda, com os azuis a predominar no cenário. Entre roupa, calçado, malas de pele e outros acessórios, só mesmo o serviço de fatos por medida (e toda a gama de maquilhagem e cosmética da marca) fica de fora do grande e novo sonho parisiense em Lisboa. Tudo o resto mora agora na Avenida.
Avenida da Liberdade, 85 (Avenida). 302 039 325. Seg-Sáb 10.00-20.00, Dom 12.00-20.00
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