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Fechado desde 2019, já depois de ter sido comprado pelo grupo de restauração Plateform um ano antes, o Tavares pode ter já uma data de abertura à vista, embora tudo não passe ainda de uma projecção positiva de Rui Sanches. No almoço de apresentação da nova Zero Zero, no antigo Espaço Espelho d’Água, o fundador e CEO do grupo explicou que o projecto de fazer renascer o histórico restaurante entre o Chiado e o Bairro Alto não tem estado parado. “Sem querer criar expectativas, acho que podemos ter mais uma batalha de dois anos pela frente, entre licenças, projetos...”, antecipou.
Com uma história que remonta ao século XVIII, são tantas as vidas do Tavares que não há quem não passe à porta sem saber do que se trata – e muitos são os que esperam a reabertura, que já teve várias datas timidamente anunciadas. “Neste momento, o pedido de licença está em vias de entrar na CCDR [Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo]. Basicamente, andámos a negociar a localização do elevador. O prédio não tem elevador e é fundamental criar um”, revelou Rui Sanches, quando questionado sobre o assunto num almoço com jornalistas.
Apesar de ainda não estarem a acontecer as obras de recuperação no edifício histórico, o CEO da Plateform aponta o trabalho de investigação que tem sido feito para respeitar a história e as cartas dos anos iniciais do restaurante. “O Tavares só foi um fine dining nos últimos anos”, aponta, confidenciado que quando abrir não tem como objectivo conquistar uma estrela Michelin, feito conseguido por José Avillez em 2009. “Um fine dining sim, mas não na vertente de ter a pretensão de ter uma estrela Michelin”, esclarece Rui Sanches.
O objectivo, diz, é recuperar um clássico em toda a linha. “O restaurante era um Gambrinus, entre aspas, era um restaurante de cozinha clássica”, acrescenta, explicando ter contado com a ajuda do gastrónomo Virgílio Nogueiro Gomes e do crítico gastronómico Fortunato da Câmara para se inteirar do serviço e dos pratos que ali foram servidos. “Há dois ou três pratos bem clássicos do restaurante, como um bife, que é muito parecido com o bife à Marrare, e a perdiz à Convento de Alcântara”, aponta. “O Tavares sempre foi um português muito afrancesado. Portanto, temos que fazer uma reinterpretação ali da cozinha portuguesa, com alguns toques.”
Quanto ao chef que poderá ser chamado para liderar o restaurante, Rui Sanches não tem uma resposta imediata. “Muito honestamente, eu ainda tenho algumas dúvidas sobre esse tema. Ainda é cedo. Acho que nós ali precisamos ter um chef residente forte, mais do que um chef consultor. É um restaurante que tem a missão e tem a responsabilidade de fazer um projecto de devolver o restaurante à cidade e ao país.”
Fundado em 1784 pelos irmãos Manuel e António Tavares, o Tavares ficou também conhecido como “Tavares Rico”. Foi sempre lugar de encontro da elite, de políticos a intelectuais de todo o país, de Eça de Queirós a Guerra Junqueiro ou Francisco Sá-Carneiro.
Actualmente, a Plateform é um dos maiores grupos de restauração do país, contando no portfólio com restaurantes como o Vitaminas, o Honest Greens, a Sala de Corte, a Zero Zero, o Brilhante ou o Alma, onde Henrique Sá Pessoa tem duas estrelas Michelin.
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