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Os realizadores espanhóis Concha Barquero Artés e Alejandro Alvarado Jódar mergulharam nas ideias por acabar do Fernando Ruiz Vergara, cineasta que viria a refugiar-se em Portugal, e construíram Caixa de Resistência. Uma co-produção ibérica que, após o percurso pelo circuito de festivais, chega às salas de cinema portuguesas. A estreia está marcada para 27 de Março.
O documentário Rocío (1980) é o único título da carreira de Fernando Ruiz Vergara. E, mesmo assim, foi censurado em Espanha. Tendo como pano de fundo a Romaria do Rocío, que ocorre em Almonte, o filme fala sobre a opressão franquista, denunciando as diversas relações de poder na Andaluzia, da religião à política, e um dos autores de crimes fascistas, chamado José María Reales Carrasco. Foi censurado por ordem judicial após queixa da família Reales e a sua exibição na íntegra está proibida em Espanha até aos dias de hoje.

Após a censura, Fernando Ruiz Vergara (1942-2011) radicou-se em Portugal, onde voltou a tentar uma incursão pelo chamado cinema-militante, mas os seus projectos nunca viram a luz do dia. Numa nota de imprensa, Hemi Fortes, sócia da produtora portuguesa Blablabla Media, recorda os infortúnios de Vergara: "Fernando foi um cineasta autodidacta espanhol que se formou através das cooperativas cinematográficas de Lisboa na efervescência do 25 de Abril. Tão forte se tornou aí o seu vínculo a Portugal que, nos anos 80, seria esta a terra que escolheria para viver e escrever os seus projectos fílmicos, sem excepção, interrompidos – um deles, com a participação de Otelo Saraiva de Carvalho; outro, com o trabalho nas minas da Panasqueira como pano de fundo”. Caixa de Resistência nasce a partir da recolha das notas de Vergara ao longo de vários anos, por Concha Barquero Artés e Alejandro Alvarado Jódar, que condensam e re-imaginam os filmes que o cineasta andaluz sonhou um dia fazer.

Rodado entre Portugal e Espanha, o documentário recebeu várias distinções, entre elas o Prémio Doc España na SEMINCI – Festival Internacional de Cine de Valladolid; o Prémio de Melhor Filme no L’Alternativa – Festival Internacional de Cine de Barcelona; e o Prémio do Júri Jovem no Márgenes – Festival Internacional Cine de Madrid. Em Portugal, passou pela última edição do Porto/Post/Doc e também pelos Caminhos do Cinema Português, em Coimbra.
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