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A linha circular promete desenterrar muitos pedaços de História. DGPC está atenta.
O desbravar da frente ribeirinha de Lisboa, do Campo das Cebolas até Alcântara, é apontado de forma unânime, entre os especialistas, como o maior acontecimento arqueológico na cidade na última década. Maria Catarina Coelho, da Direcção Geral do Património Cultural (DGPC), explica que as intervenções feitas na área “estão a trazer à luz do dia do século XXI tudo aquilo que os cartógrafos ao longo das épocas quiseram deixar registado nos mapas e tudo aquilo que eles acharam que não valia a pena – docas, baluartes, estruturas de madeira e pedra, mas também o barco encalhado no cais.”
No entanto, na Declaração de Impacte Ambiental relativa às obras da linha circular do Metro de Lisboa, a Agência Portuguesa do Ambiente alertou que os trabalhos de escavação ao longo da Avenida 24 de Julho, entre Santos e o Cais do Sodré, podem ter impacte sobre o património arqueológico. Por esse motivo, Maria Catarina Coelho revela que a DGPC (que, por lei, faz parte das comissões de avaliação do impacte ambiental das obras na cidade) emitiu “um parecer musculado sobre as medidas que vão ter de ser tomadas na execução daquela obra”.
Entre estas estão a realização de trabalhos prévios de diagnóstico, “uma equipa muito grande” de arqueólogos e a criação de uma estrutura para musealizar os achados mais significativos. Tudo isto “para salvaguardar os vestígios arqueológicos que já sabemos à partida que vamos encontrar”, acrescenta a directora do departamento dos Bens Culturais: “Eu costumo brincar dizendo que vai ser a batalha naval sem água. Entre cais, embarcações abandonadas, vestígios do quotidiano da área ribeirinha… Pode aparecer de tudo.”
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