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Sete figuras de relevo, já falecidas, ganham presença na memória colectiva ao darem nomes a ruas de Marvila e a um jardim nos Olivais. A Nobel da Paz Madre Teresa de Calcutá, a cantora Madalena Iglésias, a fadista Celeste Rodrigues, a actriz Fernanda Montemor, a pianista Georgina Ribas e o artesão João Pedro Grácio integrarão a toponímia de Lisboa, mais precisamente na zona do Braço de Prata, em Marvila. Também Zé Pedro, músico dos Xutos & Pontapés, que morreu em 2017, dará o nome ao jardim da Rua General Silva Freire, nos Olivais.
As decisões foram tomadas ontem, em reunião da Câmara Municipal de Lisboa (CML), mas não por unanimidade. A proposta de mudar o nome da Rua C ao Braço de Prata para Rua Madre Teresa de Calcutá contou com o voto contra do Livre e com a abstenção dos Cidadãos Por Lisboa. Já as restantes propostas não geraram discussão. Assim, as ruas A e D passam a ser Rua Madalena Iglésias, a Rua D1 será a Rua Celeste Rodrigues, a Rua F ficará com o nome de Fernanda Montemor, a Rua G será a Rua Georgina Ribas e a Rua Projectada à Rua Conselheiro Lopo Vaz transforma-se em Rua João Pedro Grácio.
Do Festival da Canção ao activismo
Quem não se recorda de Madalena Iglésias chegará, muito provavelmente, à artista ao ouvir a canção “Ele e Ela”, tema celebrizado em 1966 no Festival RTP da Canção, evento em que participou repetidamente, em 1964, 1965 e 1969. Nascida em Lisboa, abandonou a carreira artística em 1972 e emigrou para a Venezuela. Faleceu em 2018, em Barcelona.
Já Celeste Rodrigues, nome incontornável do fado e irmã de Amália, distinguiu-se “numa carreira que se estendeu ao longo de sete décadas, registo de uma época de Lisboa em que o fado sobressaía como sendo essencialmente cultura e espelho de alma”, destaca a CML, citada pela agência Lusa.
Fernanda Montemor é homenageada pelo seu percurso como “actriz notável e multifacetada”, enquanto Georgina Ribas, nascida em Angola e falecida em Lisboa em 1951, destaca-se como uma “talentosa pianista, esmerada professora de música, anti-racista e feminista, com um papel de relevo na vida associativa da cidade de Lisboa e no Movimento Negro entre 1911 e 1933, pugnando a sua intervenção política pela exigência de políticas de igualdade de direitos para as pessoas negras”.
O único homem a entrar na nova nomenclatura de ruas (já que o guitarrista Zé Pedro ficou com o jardim junto à estação de metro da Encarnação, nos Olivais, a freguesia onde cresceu), João Pedro Grácio, foi escolhido pela autarquia por ter marcado “de uma forma muito decisiva, durante décadas, o panorama da guitarra portuguesa”. Grácio foi patriarca de uma grande família de luthiers (cinco dos 12 filhos construíram instrumentos de cordas) e fundador da marca A Lusitânia, de onde saíram guitarras, bandolins e cavaquinhos.
Por fim, coube à missionária católica Madre Teresa de Calcutá ser a única personalidade estrangeira da lista. A homenagem justifica-se por toda a sua obra, claro, e pela sua “figura inspiradora, que acreditava no poder do amor e da bondade como veículo para a transformação do mundo”.
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