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Onde é que estava (a filmar) no 25 de Abril? Cinemateca procura gravações inéditas

A Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril e a Cinemateca Portuguesa lançaram uma campanha de recolha de filmes amadores inéditos sobre a Revolução dos Cravos.

Renata Lima Lobo
Escrito por
Renata Lima Lobo
Jornalista
Cravo
©Chayenne Tessari Zanol / Unsplash
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“Onde é que você estava no 25 de Abril?” Ficou na história da televisão portuguesa a pergunta que Armando Baptista-Bastos fazia a todos os seus entrevistados no programa Conversas Secretas, emitido pela SIC entre 1996 e 1998, e posteriomente transportada para a caricatura que Herman José fez do jornalista, como o Artista Bastos do Herman Enciclopédia, na RTP1. Agora, a Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril e a Cinemateca Portuguesa não querem apenas saber onde estava, mas se tem registos em vídeo da revolução de 1974.

No ano em que se assinalam os 50 anos do 25 de Abril de 1974, a Comissão e a Cinemateca procuram salvaguardar e também difundir o património cinematográfico amador e inédito que poderá andar escondido nos baús de muitos portugueses. “Um dos aspectos distintivos do 25 de Abril é a forma como os portugueses receberam a notícia do derrube da ditadura, saindo às ruas e celebrando a liberdade. Estas perspectivas são elementos relevantes para promovermos um maior conhecimento da nossa história recente. Esta passagem de testemunho sobre o passado, as memórias da ditadura, da construção da democracia e do valor da liberdade é fundamental para que possamos, em conjunto, pensar e construir o futuro”, escreve Maria Inácia Rezola, comissária executiva dos 50 anos do 25 de Abril, num texto publicado na plataforma das comemorações.

Na mesma plataforma, José Manuel da Costa – director da Cinemateca Portuguesa que cessou funções na passada semana – sublinha a importância destes registos que “não eram sujeitos à censura do Estado Novo nem a quaisquer limitações ou formatações prévias”, tornando-os “uma fonte inestimável para compreender o século XX português”. “Havia neles grande variedade, encontrando-se até ficções produzidas com meios próprios, mas na sua maioria registavam momentos da vida familiar ou eram imagens de lugares e acontecimentos públicos, incluindo alguns dos maiores acontecimentos da vida portuguesa”, escreve, com a certeza de que muitos portugueses filmaram o 25 de Abril, não só em Lisboa como em todo o país.

Como entregar os filmes

Em concreto, a Cinemateca anda em busca de filmes em película de pequeno formato (9,5mm, 16mm, 8mm e Super 8) que serão posteriormente identificados, catalogados e digitalizados, o que também permitirá a consulta para fins de investigação. Se o autor permitir, poderão ser disponibilizados na Cinemateca Digital e usados como imagens de arquivo em novas produções. Os filmes recebidos podem ainda ser conservados na Cinemateca em regime de depósito ou de doação e a entrega pode ser agendada por telefone (21 968 9400), email (prospecao@cinemateca.pt) e presencialmente na Cinemateca (Rua Barata Salgueiro, 39) ou no Centro de Conservação da Cinemateca – ANIM (Rua da República, 11), em Bucelas.

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