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Pense na palavra “sinfonia”. Qual é a primeira coisa que lhe vem à mente? É muito provável que seja o “ta-ta-ta-TAAA” – três notas curtas, uma longa – que abre a Sinfonia n.º 5 de Beethoven. Na verdade, o “ta-ta-ta-TAAA” não se limita a abrir a sinfonia, é omnipresente ao longo de todo o I andamento, sob diversas formas, em diferentes instrumentos e combinações de instrumentos, reiterado com insistência quase maníaca, num martelar obsessivo (“o Destino batendo à porta”, nas palavras de Beethoven). É por isso que estas quatro notas não nos saem da cabeça e é por isso que passaram a ser um sinónimo de “sinfonia” e até de “música clássica”.
[I andamento (Allegro con brio) da Sinfonia n.º 5, pela orquestra Anima Eterna, em instrumentos de época, com direcção de Jos van Immerseel (Zig Zag Territoires)]
Beethoven meditou e experimentou longamente até chegar a este “ta-ta-ta-TAAA” genial. O compositor, que nasceu há 250 anos em Bona, foi uma criança-prodígio e publicou a sua primeira peça com apenas 12 anos, mas a sua estreia no formato sinfónico só surgiu quando já tinha 30 anos – idade com que Mozart já compusera 37 das suas 41 sinfonias. A “demora”, foi justificada, pois embora a Sinfonia n.º 1 seja tributária das últimas sinfonias de Haydn e Mozart, já exibe marcas da personalidade musical de Beethoven. Seria preciso esperar mais alguns anos para que o génio de Beethoven desabrochasse plenamente, primeiro na Sinfonia nº 3, estreada em 1805, e na n.º 5, estreada em 1808.
A Orquestra Gulbenkian escolheu as sinfonias n.º 1 e n.º 5 para assinalar o seu regresso àquilo que é a vocação primordial de qualquer orquestra: tocar para o público sentado num auditório. A direcção será do seu maestro titular, Lorenzo Viotti.
Fundação Gulbenkian. 23 de Julho (Qui) 21.00 e 24 de Julho (Sex) 19.00. 16-24€.