Notícias

Os restos alimentares podem ser aproveitados para energia e agricultura? Lisboa começou a testar

Recolha porta-a-porta começou em Benfica e São Domingos de Benfica. Objectivo é que programa abranja toda a cidade, cumprindo-se directiva europeia.

Rute Barbedo
Escrito por
Rute Barbedo
Jornalista
Bio-resíduos com recolha selectiva
DRBio-resíduos com recolha selectiva
Publicidade

A lógica é simples: recolher os restos alimentares dos habitantes de Lisboa, transportá-los para centrais de tratamento e dar-lhes um destino digno, como a compostagem, a jardinagem ou a produção de energia eléctrica. A medida de combate ao desperdício visa reduzir em cerca de 40% a produção de lixo indiferenciado e começou agora a ser posta em prática nas freguesias de Benfica e São Domingos de Benfica, segundo adiantou a Câmara Municipal de Lisboa ao jornal Público. O arranque acontece a menos de um mês do fim do prazo estipulado pela União Europeia, que tornou obrigatória a recolha selectiva de bio-resíduos (desde restos de alimentos a resíduos verdes de jardins) até 31 de Dezembro de 2023, em todos os Estados-membros. A acção levada a cabo pela autarquia lisboeta insere-se, portanto, num plano mais amplo, a Estratégia Nacional para os Biorresíduos.

Numa primeira fase, a recolha em Lisboa será exclusivamente feita porta-a-porta, mas, a médio prazo, o objectivo é também instalar pela cidade grandes contentores que sirvam de reservatórios até ao transporte dos resíduos para as estações de tratamento da Valorsul. O sistema implica a instalação de tecnologia (actualmente em estudo) para controlar o acesso aos equipamentos, existindo uma "associação inequívoca de cada saco distribuído e depositado no contentor ao seu respectivo produtor", como explicou a autarquia. Desta forma, será possível quantificar e rastrear os resíduos produzidos por cada colaborante, bem como "corrigir eventuais comportamentos inadequados”.

Para o início de 2024, espera-se a chegada da iniciativa a Alvalade, onde se pretende "avaliar o impacto da introdução de um modelo SAYT (Save as You Throw) no comportamento dos munícipes, atribuindo uma contrapartida pelos resíduos encaminhados para valorização orgânica". A ideia é que os munícipes sejam, assim, recompensados pela sua contribuição no sistema, segundo explicou a Câmara.

Em Julho, a autarquia havia aprovado o documento estratégico para a gestão do lixo, a seguir até 2030 e com os objectivos de reduzir a produção de lixo, aumentar a recolha selectiva, melhorar a limpeza urbana e combater a deposição ilegal. Em 2022, foi registada a recolha de 579 kg de resíduos por habitante em Lisboa, dos quais 70% eram indiferenciados e 30% de recolha selectiva, incluindo bio-resíduos. Os bio-resíduos que podem ser incluídos no sistema que está agora a ser implementado são restos de alimentos crus ou cozinhados, legumes, fruta, carne, peixe, ovos, pão, bolos, saquetas de chá, borras de café, toalhas, toalhetes e guardanapos de papel, mas também material verde originário de hortas e jardins.

+ Este é ‘O Ponto Em Que Estamos’. E agora?

+ Mercados, jardinagem e trocas de plantas. Assim será o ano verde da Rua de São Paulo

Últimas notícias

    Publicidade