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O Memorial de Homenagem às Pessoas Escravizadas será erigido no Campo das Cebolas em 2020. As três propostas de artistas afro-descendentes serão votadas em cinco sessões públicas. A próxima será a 4 de Janeiro, em Oeiras.
Lisboa terá um memorial de homenagem às vítimas da escravatura no Campo das Cebolas, zona da cidade com história no tráfico de escravos. A proposta da Djass – Associação de Afro-descendentes foi um dos projectos vencedores do Orçamento Participativo de 2017, mas só agora foram revelados os projectos dos três artistas afro-descendentes desafiados a propor uma intervenção para o local. Até Fevereiro, serão votados em cinco sessões públicas para se decidir como vai ficar o Largo José Saramago. A próxima é a 4 de Janeiro em Oeiras.
Segundo a Djass, a construção do memorial “tem como objectivo homenagem às pessoas escravizadas, celebrando o contributo da vida dessas pessoas para a riqueza da cidade de Lisboa e enraizando essa memória na sociedade portuguesa”. Em resposta à Time Out, a associação fez saber que o Centro Interpretativo, a desenvolver numa segunda fase, permitirá uma contextualização que parte “do processo de escravização para compreender o racismo contemporâneo”. Os dois equipamentos vão “contar histórias dos africanos e afrodescendentes na contemporaneidade, as várias formas de resistência, de afirmação, de subjectividade e de influência na cultura actual Portuguesa.
Estes são os três projectos para o memorial.
O Barco
Grada Kilomba (Lisboa,1968) apresentou O Barco, um conjunto de 131 bancos em betão que imita uma “nau com pessoas escravizadas”, segundo a Djass, contrariando a aura gloriosa que a História de Portugal tem reservado para estas embarcações. É uma espécie de jardim, “convidando a sentar-se para olhar, pensar, contemplar, rezar, cultuar e respeitar”.
Plantação – Prosperidade e Pesadelo
O artista angolano Kiluanji Kia Henda (Luanda, 1979) projectou Plantação – Prosperidade e Pesadelo, “uma representação de uma plantação de canas de açúcar” compostas por 540 pés em alumínio, com três metros de altura e oito de diâmetro. Pretende-se que seja um local de “sociabilidade”, narrando-se o vínculo histórico entre monocultura e escravidão.
Pavilhão (Sem título)
Jaime Lauriano (São Paulo, 1985) propôs um espaço pensado para “estabelecer uma ligação entre passado e presente” fazendo alusão à violência colonial que se continua a sentir nos dias de hoje. O artista brasileiro fá-lo através de uma estrutura em forma de pavilhão triangular que alberga no interior um pequeno anfiteatro, local de convívio e comunhão. No interior haverá frases que retratam conversas entre as comunidades de afro-descendentes.