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Desde os primeiros dois EPs, VEENHO e VEEENHO, a lembrar o WAVVES e o WAVVVES de Wavves, que os Veenho prometiam. Primeiro com Filipe Sambado na produção e depois com Gonçalo Formiga, dos Cave Story, fizeram discos de indie rock de baixa definição com tudo no sítio. Mas isso foi em 2017. Depois, o silêncio. Houve um par de singles em 2020, na mesma onda, mas mais amadurecidos, e mais silêncio. Até que, no início deste ano, celebraram a "maré alta", há nem um mês cantaram sobre "passar mal", e agora dão-nos o primeiro álbum, intitulado apenas Lofizera.
Vamos escalpelar o nome do disco: Lofizera. Ouvimos a frase pela primeira vez numa das canções do segundo e melhor EP de 2017, a "Cerveja Lofizera" ("Depressão matinal/ Tenho saudades da Galera/ Que nunca morra este sol/ Nem a cerveja lofizera"). A palavra na altura não dizia grande coisa. Sim, remetia para o som lo-fi do disco, mas que raio vinha a ser uma "cerveja lofizera"? Ainda hoje não o sabemos. No título do novo disco, porém? Faz todo o sentido. Não deixa dúvidas. Isto é lofizera portuguesa pura e dura, o tipo de coisa que até há uns dias não sabíamos que existia.
Sim, já ouvimos o disco. A data de lançamento ainda não está fechada – ou pelo menos não se conhecia na madrugada desta quinta-feira – mas quem já o escutou sabe que vem aí coisa boa. E a partir das 18.00 de quinta-feira, 1 de Junho, toda a gente vai poder ouvir Lofizera no COSMOS, em Campolide, rodeada pela banda e os fiéis do seu culto. Um culto que inclui, por exemplo, Pedro Ramos, durante anos ao leme da Radar, hoje na Futura, e fã assumido desta turma. Sábado, 3, vai levá-los à Musa de Marvila, para o primeiro concerto de apresentação do álbum, no seu Solário.
Mas antes há uma listening party do COSMOS, a tal de que se falava no parágrafo anterior. As portas abrem às 18.00 e a partir das 19.30 começa a rodar Lofizera. Segue-se, pelas 20.30, um concerto de (Felipe) Neiva, cantor e compositor indie brasileiro que em 2020 nos legou o mui gabado disco tanto. E, a partir das 21.30, sobe ao palco Lê Almeida, ex-Built To Spill, membro dos Oruã e patrão da editora de culto carioca Transfusão Noise. João Casaes, durante uns tempos seu colega nos lendários Built To Spill, e ainda hoje nos Oruã e na Transfusão Noise, masterizou o disco.
Por falar nisso: Oruã. Os próprios dizem fazer jazz de pé descalço, krautrock trabalhista e outras combinações de palavras que dizem mais do que a soma das suas partes. Indie rock brasileiro e proletário, basicamente. Feito por gente que ouviu muita música, mas tem poucos reais na conta. Gente boa que este sábado, 3, vai estar a tocar na Musa de Marvila, depois do concerto dos Veenho. Pensem assim: Lê Almeida e João Casaes foram bons o suficiente para Doug Martsch, o cantor, compositor, herói da guitarra e único membro permanente dos Built To Spill lhes dizer: "irmãos, a partir de agora vocês são a minha banda". Acham mesmo que não são bons o suficiente para nós?
COSMOS. Qui 18.00. 5€ (donativo recomendado); Musa de Marvila. Sáb 18.00. Entrada livre.
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