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Os verdes anos do cinema português começam agora

O Pic Portugal, programa de incentivos à produção audiovisual, apoiou o primeiro projecto português com certificação ambiental. Fomos picar as regras da Green Film, o projecto internacional que quer mudar as regras.

Renata Lima Lobo
Escrito por
Renata Lima Lobo
Jornalista
18 Buracos Para o Paraíso
©Wonder Maria Filmes'18 Buracos Para o Paraíso', de João Nuno Pinto
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18 Buracos Para o Paraíso ainda está em fase de pós-produção. Mas é o primeiro filme português com certificação ambiental apoiado pelo Pic Portugal, um sistema de incentivos financeiros do Fundo de Apoio ao Turismo e ao Cinema, para o qual concorrem as produções filmadas em Portugal. Cada candidatura tem de cumprir uma série de critérios expressos no regulamento, aos quais o ano passado se juntaram os da sustentabilidade ambiental desenhados pelo projecto internacional Green Film.

Produzido pela Wonder Maria Filmes, 18 Buracos Para o Paraíso desenrola-se durante uma semana especialmente quente, onde um incêndio ameaça uma herdade rural portuguesa afectada pela seca e pela especulação imobiliária. “Dado que o filme aborda questões climáticas, fez-nos todo o sentido adoptar práticas mais sustentáveis na sua produção”, explica Andreia Nunes, co-fundadora da produtora, citada numa nota de imprensa da Portugal Film Commission. No elenco, o filme conta com Margarida Marinho, Beatriz Batarda ou Rita Cabaço

O ambiente dá pontos

No ano passado, a Portugal Film Commission passou a incluir novos critérios de sustentabilidade ambiental nos regulamentos dos dois incentivos que fazem parte do Pic Portugal: Incentivo à Produção (Cash Rebate) e Incentivo à Grande Produção (Cash Refund). Isto significa que quem cumprir com o maior número de critérios ganha mais pontos na avaliação final. Uma iniciativa que partiu do Green Film Research Lab, um projecto de investigação italiano que concebeu uma ferramenta para orientar os produtores audiovisuais a trabalharem de forma ambientalmente sustentável. Poupança de energia, transporte e alojamento, catering ou selecção de materiais de produção são algumas das categorias expressas no plano de sustentabilidade.

Isto significa que é, por exemplo, encorajado o uso de electricidade proveniente da rede de distribuição eléctrica, de fontes renováveis e iluminação LED, sendo que cada uma destas soluções se traduz em mais pontos. O mesmo nas outras categorias: os pontos aumentam se, durante a produção, for privilegiada a utilização de transportes públicos (que significa pontuação máxima), veículos eléctricos ou híbridos; ou se o alojamento ficar até 10 quilómetros do local de rodagem. E se esse alojamento tiver boas práticas ambientais, melhor ainda.

As boas práticas no catering passam pela utilização de recipientes reutilizáveis, água da companhia, proximidade dos restaurantes ou mesmo opções vegetarianas, num plano que chega ao pormenor da maquilhagem e cabelereiro. A Green Film recomenda, por exemplo, a adopção de produtos certificados com o rótulo ecológico da UE (EU Ecolabel) ou certificados que indiquem 95% de ingredientes provenientes de agricultura biológica. O processo de candidatura pode, ele próprio, parecer um filme, mas a verdade é que, avança a Portugal Film Commission, no ano passado, 46% das candidaturas apresentadas ao Incentivo à Produção (Cash Rebate) já apresentaram planos de sustentabilidade ambiental.

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