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Vinte anos passados e tantas mudanças na noite lisboeta. Um dos responsáveis foi o Lux, que remexeu nas entranhas da vida nocturna e continua aí para as curvas. E como se explicam duas décadas de história? O designer Fernando Brízio fá-lo numa exposição que passa em revista a comunicação visual e sonora do Lux. “Paradisaea” pode ser vista a partir desta quarta-feira no Hub Criativo do Beato até 11 de Novembro.
Revisitar e passar em revista – é assim que podemos resumir esta exposição que reúne várias camadas que compõem o Lux com trabalhos de designers, artistas e criadores. Convites, flyers, cartazes, fotografias, desenhos, vídeos, mobiliário, objectos, esculturas, peças de vestuário, maquetas, adereços, música ou textos enchem as galerias do Hub do Beato.
Aberto desde 29 de Setembro de 1998, o Lux marcou uma época de reconversão da zona de Santa Apolónia e da linha oriental da cidade, um edifício abandonado tornou-se através da visão de Manuel Reis, que morreu em Março, num espaço nocturno de referência em Lisboa e lá fora.
Se decidirmos caminhar por terrenos etimológicos é fácil de perceber o porquê do nome Paradisaea – palavra que deriva do grego paradeisos, um local de prazer. É um nome que se dá a um grupo de aves passeriformes pertencentes às aves-do-paraíso, conhecidas pela plumagem exuberante que exibem em clareiras na floresta para seduzir a espécie – e são essas demonstrações de beleza que, explica Fernando Brízio, fazem a ponte com o Lux. “O Lux Frágil é como essas clareiras na floresta. 'Clareira noturna' onde o dispositivo cénico, catalisador emocional fruto de uma estratégia integrada de design, nos permite, instigados pela música, aceder a um lugar primordial de beleza, liberdade e felicidade”, afirma o designer, em comunicado.
E é nessa visão multidisciplinar que “Paradisaea” assenta, nas centenas de intervenientes que fizeram e fazem do Lux a instituição da noite que é hoje. “Ao longo dos anos, a notável capacidade de regeneração do Lux foi visível na frequente transformação do espaço interior e exterior, conseguida através de dispositivos cénicos geradores de marcantes atmosferas. ‘Obra de arte total’ que integra luz, som, imagem, palavra, corpo, movimento e comunicação. Como Bowie, o Lux parece um camaleão”, acrescenta Fernando.
Feita em parceria com a EGEAC, a exposição começou a ser pensada por Manuel Reis ainda no início de 2017, que convidou Fernando Brízio, que já tinha ccolaborado com a discoteca em 2004 com a colecção de objectos Absolux. Reunido o material de 20 anos de história, é ver agora um total de três instalações no recinto do Hub Creativo que reinterpretam esse material. A primeira é sobre o projecto do Lux numa Lisboa moderna, a segunda usa o vídeo como espaço de experimentação e a terceira mostra o Lux como um espaço performativo.
Hub Criativo do Beato. Rua da Manutenção, 122. Inaugura esta quarta até 11 de Novembro. Seg-Qui 14.00-19.00, Sex 14.00-21.00, Sáb 12.00-21.00 e Dom 12.00-19.00.