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Parque infantil da Mouraria reabre com segurança privada. “É melhor do que estar fechado”

Opção por vigilância estende-se a outros parques de Santa Maria Maior, onde insegurança e consumo de droga no espaço público são preocupação da Junta.

Rute Barbedo
Escrito por
Rute Barbedo
Jornalista
Parque Infantil da Mouraria, na Rua do Capelão
Francisco Romão PereiraParque Infantil da Mouraria, na Rua do Capelão
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Na pedonal Rua do Capelão, território radicalmente associado a Maria Severa e à história do fado, o Parque Infantil da Mouraria reabriu renovado, esta semana, cerca de sete meses após o seu encerramento. O território não abunda em lugares com finalidade lúdica e o parque em causa precisava de melhorias, como a "substituição do pavimento, que estava deteriorado", "a recuperação e substituição de alguns dos equipamentos" e a reabilitação de um muro de contenção, como detalhou por telefone à Time Out o gabinete de comunicação da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, que gere o espaço.

Com horário de funcionamento entre as 10.00 e as 19.00 (com pausa entre as 13.00 e as 14.00) no Verão, talvez o aspecto que mais chama a atenção no local é o facto de ser vigiado por uma empresa privada, um cenário, ainda assim, não fora do comum em Santa Maria Maior. "Nenhum dos parques infantis da freguesia funciona sem recursos humanos", explica a mesma fonte da Junta de Freguesia. O recurso a serviços privados de segurança no parque da Mouraria, no entanto, pode ser temporário. À excepção do Parque Infantil do Recolhimento, no bairro do Castelo, que funciona desde a sua reabilitação com segurança privada solução que "tem funcionado bem e por isso manteve-se" , os restantes equipamentos da freguesia funcionam sob a vigilância de pessoas remuneradas pela Junta, normalmente residentes nas proximidades e "encaminhadas pelo gabinete de apoio social", numa óptica de inserção social. No caso da Mouraria, o organismo diz ter tido "dificuldades em encontrar uma pessoa para que se pudesse manter o espaço aberto", pelo que a empresa de segurança foi a solução encontrada. "Pretendemos que seja temporária", frisa a Junta, que custeia o serviço.

É preciso ter segurança num parque infantil?

Num território onde os relatos de insegurança têm sido recorrentes, espaços que sejam frequentados e destinados a crianças precisam de vigilância permanente, defende a Junta. "Não precisa de ser um segurança, mas precisa de lá ter alguém", explica o gabinete de comunicação à Time Out, acrescentando que "é melhor assim do que estar fechado". Perante as situações de violência, consumo de drogas e prostituição no espaço público relatadas pela população da Mouraria, que têm mobilizado o presidente da Junta de Freguesia, o socialista Miguel Coelho, a pedir o reforço da segurança no bairro (com recurso a videovigilância e a colaboração da polícia, por exemplo), a visão do organismo é que, no contexto actual, apenas com recurso a vigilância se conseguem "manter as condições" dos parques infantis e fazer com que "as crianças possam usufruir" deles. "É frequente que este tipo de espaços tenham outros usos", como os referidos consumos ou a frequência de pessoas sem-abrigo. Antes de serem vigiados, em parques infantis como o de Alfama ou da Mouraria, "a danificação era constante", relata a Junta.

Parque Infantil da Mouraria, na Rua do Capelão
Francisco Romão PereiraParque Infantil da Mouraria, na Rua do Capelão

Recorde-se que, a 18 de Julho, a Junta de Freguesia de Santa Maria Maior organizou uma "sessão pública de denúncia", para a qual convocou a comunicação social a ouvir os relatos de cerca de 40 moradores e comerciantes quanto a assaltos ou situações de violência de que terão sido vítimas ou testemunhas nos últimos meses, e que são considerados pelo organismo "sinais preocupantes da degradação dos níveis de segurança no território". A existência frequente de seringas nas ruas (ou em jardins e parques infantis) e o consumo de drogas no espaço público, muitas vezes na presença de menores, foram dois dos muitos cenários levantados durante a sessão. "Não quero que os meus filhos achem isso normal", disse uma das intervenientes, sendo que outros referiram recear que os filhos tenham contacto com "seringas ainda com sangue" ao brincarem na rua. 

Num comunicado enviado à Time Out na sequência da sessão pública organizada pela Junta, o organismo de direcção do PCP na cidade de Lisboa defende que "as preocupações da população com as questões de segurança devem ter resposta adequada, mas devem ser rejeitados os devaneios securitários da vigilância privada, bem como a 'falsa segurança' da videovigilância anunciados pelo presidente da Junta de Santa Maria Maior". O partido acredita que a solução para melhorar os níveis de segurança em zonas como a Mouraria "está, entre outras medidas, no reforço de meios materiais e humanos das forças de segurança e no policiamento de proximidade, numa perspectiva de acção preventiva junto da população", a par da "resolução do problema da habitação, que permita o repovoamento do bairro". Por outro lado, "há necessidade de medidas como a melhoria da iluminação pública ou a garantia de mais limpeza, eliminando o sentimento de desleixo e abandono", lê-se na mesma nota.

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