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Foi nos loucos anos 20, mas do século passado, que nasceu o Parque Mayer, um recinto cheio de casas de espectáculo, num espaço anteriormente ocupado por jardins do Palacete Lima Mayer. Eram quatro os teatros que acolhiam essencialmente teatro de revista, mas também música e cinema: o Capitólio, renascido em 2017 com programação a cargo da Sons em Trânsito; o Teatro Maria Vitória, o primeiro a ser construído no Parque Mayer e que se mantém de portas abertas com teatro de revista; o Teatro ABC, demolido em 2015 para dar lugar a um parque de estacionamento; e o Teatro Variedades, inaugurado em 1926 com a revista Pó d'Arroz, qual se estreou Vasco Santana. Foi desactivado no final dos anos 90 e hoje este edifício desenhado pelo arquitecto Norte Júnior encontra-se em avançado estado de degradação.
A empreitada retoma uma obra interrompida por insolvência do anterior empreiteiro e vai custar cerca de cinco milhões de euros. Foi consignada no final de Maio pela Lisboa Ocidental SRU à construtora Gabriel A.S. Couto, S.A., que tem um prazo de 540 dias para terminar a obra de reabilitação, seguindo um projecto da autoria de Manuel Aires Mateus, o arquitecto vencedor, em 2008, de um concurso público intitulado “Concepção de ideias para o Parque Mayer, Jardim Botânico, Edifícios da Politécnica e área envolvente”. No seu site, a Gabriel A.S. Couto, S.A, diz: “De acordo com o Plano de Pormenor do Parque Mayer, da autoria de Aires Mateus, o prédio do Teatro de Variedades, devido à memória histórica que produz e à afectividade cultural que gera, deve ser preservado como local e evocação de um legado lúdico”.
Aprovado em 2012, o Plano de Pormenor do Parque Mayer é um instrumento que além de definir uma área de intervenção e assegurar ligações à área envolvente e espaços como o Jardim Botânico, prevê a promoção de actividades reservadas à iniciativa privada nas áreas da “restauração, lazer e habitação, assegurando simultaneamente ligações através do seu interior a todas as zonas envolventes”, lê-se no plano publicado em Diário da República. No entanto, os terrenos continuarão a ser propriedade do município, garantiu Fernando Medina durante uma Assembleia Municipal, em Outubro.
Segundo uma nota partilhada pela Lisboa Ocidental SRU, "o projecto para o teatro visa restaurar o glamour deste emblemático edifício da cidade de Lisboa, mantendo mantendo os principais elementos que o caracterizam: o pórtico, o foyer, o auditório e o palco. Será também adicionada uma nova área envolvente construída, dotando-o de uma estrutura funcional adequada à legislação e actuais necessidades de utilização de um espaço de espectáculos."
Criada em 2018, a Lisboa Ocidental SRU é a entidade municipal que executa empreitadas em curso, como as relacionadas com a habitação de renda acessível ou, no espaço público, as obras do projecto Uma Praça em Cada Bairro. É presidida por Manuel Salgado, arquitecto e ex-vereador municipal do pelouro do Urbanismo e Planeamento Estratégico, cargo que abandonou o ano passado.
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