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Passeio à beira-rio vai ter o nome de Carlos do Carmo

Comissão Municipal de Toponímia aprova por unanimidade a nova denominação do Passeio entre o Terreiro das Missas e o Jardim das Docas da Ponte.

Hugo Torres
Escrito por
Hugo Torres
Director-adjunto, Time Out Portugal
Carlos do Carmo no Coliseu dos Recreios
Duarte DragoCarlos do Carmo no concerto de despedida no Coliseu dos Recreios
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Mesmo depois da morte, Carlos do Carmo continua a espalhar a sua presença por Lisboa. Depois da Bica (onde cresceu), depois de Alvalade (onde morava) e depois de Alfama (onde ajudou a criar o Museu do Fado), o fadista vai agora deixar marca na zona ocidental da cidade. Mais exactamente no Passeio entre o Terreiro das Missas e o Jardim das Docas da Ponte, que liga as freguesias de Belém e Alcântara junto ao Tejo. Uma via pedonal paralela à Avenida de Brasília que passará a chamar-se Passeio Carlos do Carmo.

O parecer favorável da Comissão Municipal de Toponímia, decidido por unanimidade na reunião de 27 de Setembro deste órgão consultivo, foi comunicada nesta terça-feira pela autarquia depois de a proposta ter sido aprovada, também por unanimidade, na reunião de Câmara de segunda-feira. As juntas de freguesia de Alcântara e Belém também já se tinham mostrado favoráveis à atribuição deste topónimo de homenagem ao fadista.

A proposta subscrita pelo vereador da Cultura, Diogo Moura, sublinha que Carlos do Carmo (1939-2021) “teve um percurso artístico de quase seis décadas, mais de duas dezenas de álbuns gravados, entre antologias, registos ao vivo e de estúdio, concertos pelos cinco continentes, divulgando o fado, a sua história e a cultura portuguesa pelo mundo”. O documento justifica ainda a homenagem ao fadista por este ter sido “um dos embaixadores da candidatura do fado a Património Cultural Imaterial da Humanidade apresentada à UNESCO, concluída com sucesso”, e “uma das referências maiores do universo do fado, enquanto intérprete, também enquanto ponte entre tradição e inovação, na ligação às novas gerações do fado, na valorização desta expressão cultural em meios diversos, desde a comunicação social, televisão, cinema, publicações e edições”.

Numa breve declaração escrita a acompanhar o comunicado desta terça-feira, Diogo Moura faz ainda referência a um dos discos mais relevantes da carreira de Carlos do Carmo, Um Homem na Cidade (1977), para dizer: “Um homem na cidade ganhou uma dimensão e um significado muito especiais, homenageando-o agora através da toponímia, perpetuando o seu nome na cidade, junto ao Tejo”. E diz-se agora porque não é a primeira vez que a autarquia distingue o artista, que recebeu por duas vezes a Medalha Municipal de Mérito-Grau Ouro pela Câmara Municipal de Lisboa (2003 e 2012, portanto das mãos de Santana Lopes e António Costa).

O Passeio Carlos do Carmo terá cerca de dois quilómetros. Começa (ou termina) no Terreiro das Missas, um espaço de calçada e jardim junto à Estação Fluvial de Belém, vizinha do Museu da Electricidade e do maat, e termina (ou começa) junto ao clube de padel que existe por debaixo da Ponte 25 de Abril, na fronteira com as ressuscitadas Docas (de Santo Amaro). São 20 a 30 minutos para percorrer a pé, ou cinco de bicicleta (há estações Gira à mão, perto do Padrão dos Descobrimentos e do Café In).

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