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Os almoços de domingo são um habitué na Fábrica Musa desde o ano passado, mas no próximo Dia de Reis há banquete real, com Leonor Godinho e Edgar Bettencourt. Entre pataniscas de bacalhau, porco recheado e pudim bolo-rei, não há boca que resista.
Não é dia de trocar presentes de Natal como no país vizinho, mas — porque em Lisboa também se festeja o Dia de Reis — a Musa volta a abrir as portas mais cedo a 6 de Janeiro. A juntar às habituais cervejas artesanais, serve-se um almoço domingueiro preparado por Leonor Godinho e Edgar Bettencourt, dois apaixonados pela cozinha que, entre tachos, panelas e facas afiadas, estão sempre dispostos a partilhar o amor pela comida, sobretudo em épocas especiais.
O banquete real (vamos chamar-lhe assim) é tipicamente português, em homenagem ao carácter especialmente ibérico da celebração. Para honrar o papel do bacalhau na quadra, mas fugir do tradicional, optou-se por pataniscas com maionese de coentros, antes do porco recheado com ameixa e farinha assumir o lugar principal, ao lado do puré de maçã e da batata gratin.
Antes, faz-se frente aos dias frios com um caldo verde. Aprimorado, surpreende pela inclusão de broa da nova padaria artesanal Terrapão, aberta recentemente no Mercado de Arroios. No fim, há sobremesa, claro: o pudim bolo-rei, que surge mais como revitalização de um doce clássico mas mal-amado do Natal. “Não é um pudim de pão enformado, é de comer à colher mas com bolo-rei. Estamos a pensar criar uma receita nacional para minimizar o desperdício nesta época”, conta Leonor Godinho à Time Out.
A chef, formada em Psicologia, começou a explorar a afinidade com a cozinha sobretudo depois de ter ido de Erasmus para Itália, em 2011. “Vivia com muitos cozinheiros e comecei a ser autodidacta. Quando voltei para Portugal, criei um blogue, que foi bastante divulgado pelo 24Kitchen.” Mas o pulo aconteceu com o terceiro lugar no Masterchef Portugal, em 2014.
“Eu era a mais nova e estava a competir com pessoas que já tinham experiência. Soube-me lindamente”, confessa. “Surgiram muitos convites depois, mas queria formar-me, no sentido de aprender o que era a vida numa cozinha profissional”, como no Feitoria, restaurante do hotel Altis Belém onde conheceu Edgar Bettencourt – que, nascido entre rojões e sarrabulho, foi directo ao assunto, ao contrário de Leonor, e estudou cozinha.
Ambos começaram a colaborar com a Musa há um ano, sobretudo nos almoços de domingo. Já vão no décimo e, salvo raras excepções, têm sempre viajado para outras altitudes, inspirando-se por exemplo na cozinha do Líbano. Em Dia de Reis, convidam os bons garfos a celebrar o fim dos festejos de Natal com uma reinterpretação “do que se come por cá nesta altura”. O almoço, sob reserva e de lotação limitada, custa 16€.99