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Mairead Finlay é irlandesa, mas foi preciso mudar-se para Lisboa para dar uma segunda oportunidade à sua veia criativa. "Antes disso, trabalhava como copywriter. Percebi que a arte foi sempre algo que mantive num segundo plano. Sobretudo, nunca me permiti a pensar nisso como uma coisa que pudesse fazer a tempo inteiro. Nisto, acho que tive uma espécie de crise de identidade – o que é que estou a fazer com a minha vida?", conta Finlay, enquanto recebe a Time Out num pequeno atelier em plena Baixa Pombalina.
Um espaço, no dia em questão, partilhado com o irrequieto Pablo, companheiro de longa data. Encostada à janela, a secretária oferece pistas sobre o traço da autora – potes de cerâmica que coloriu como se de páginas de um livro para crianças se tratassem, flores secas não menos pigmentadas e um sortido de canetas, usado para os trabalhos do dia-a-dia. "Sou filha única, por isso sempre desenhei para me entreter sozinha. Ainda fiz o primeiro ano de artes, mas depois acabei por estudar Política e Francês", resume. Depois de mudar de vida e de país, conseguiu fazer dos desenhos da paisagem lisboeta a principal fonte de rendimento.
"Lisboa é uma fonte de inspiração enorme. Trabalho muito com a paisagem, onde também uso guache e aguarela. Este ano, comecei com o supper club. É algo que nunca tinha imaginado", continua. E pensar que começou tudo com uma ceia de Natal e com uma boa dose de encorajamento. "A minha sogra foi a primeira pessoa a fazer-me perceber que podia tornar uma mesa numa manifestação artística. Nunca tinha pensado nisso."
Tudo começa com uma boa mesa. E Mairead tem dado tudo nesse campeonato. Cerâmica, flores, frutas e legumes compõem os centros de mesa, também conhecidos por serem desbloqueadores de criatividade. O objectivo, para quem se senta à mesa, é desenhar livremente com todos os materiais à disposição. O que também é indispensável a estes jantares artísticos é a comida, um buffet preparado pela própria anfitriã, mas que está em vias de ser entregue noutras mãos, até porque a organizadora quer subir a fasquia do decor.
"Quero criar mesas mais elaboradas, mas com eventos sem comida, só com uns aperitivos e vinho. Serão mesas bem mais dramáticas, talvez cinco vezes mais excessivas, com frutas, flores, vegetais, seguindo alguns dos princípios do ikebana." À mesa vão continuar a sentar-se todos os curiosos – entre 12 e 30 pessoas, conforme a dimensão do espaço, embora também já se tenha jantado ao ar livre, como pedem, aliás, as noites quentes de Verão.
"Também já tivemos modelos, embora às vezes seja só mesmo a mesa. As pessoas vão andando à volta, até porque cada parte da decoração é diferente, e vão comendo, vão desenhando. É assim que tem funcionado", remata. Atrair mais público português – que, actualmente, representa cerca de um terço dos interessados no supper club de Mairead Finlay – é um dos objectivos mais imediatos. A pensar nisso, Setembro vai trazer uma parceria com a influencer Marta Carvalho, mais conhecida por Litulla. Para ficar a par desta e de outras oportunidades de desenhar e petiscar à mesa, é só ficar atento ao Instagram da autora. Para já, só sabemos que o próximo jantar artístico será em Setembro.
Marcações através do Instagram. 45€
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