[title]
Em mais de 100 anos de circulação, nunca o eléctrico 28 foi tão concorrido. É o amarelinho estrela da cidade, mas há quem peça mais viaturas e melhores condições.
Começou por ligar o Largo Camões à Estrela, mas hoje aproxima Campo de Ourique do Martim Moniz. E passa por importantes pontos turísticos da cidade, como a Sé, a Basílica da Estrela, o Chiado ou as Portas do Sol, o que o torna num apetecível transporte para quem nos visita. E claro, é very typical.
À boleia dos crescentes protestos que se têm vindo a ouvir por parte de quem precisa do 28 para subir a colina da Graça (ou colina de Santo André) nasceu a petição “Propostas para um Elétrico 28 mais digno e mais fiável, servindo melhor residentes e visitantes”. É também a pensar nos turistas que nasce a petição que sublinha que subir e descer as colinas de Lisboa é um privilégio tanto dos moradores como dos visitantes. Só que está complicado andar neste histórico. A viagem é descrita pelo texto da petição como uma experiência “desconfortável, pouco fiável, demorada e insegura, quebrando o encanto e tornando a dependência desta linha num problema diário”, alongando-se numa série de factores que contribuem para esta situação como o fluxo de turistas. Os moradores destacam ainda as “filas intermináveis” de turistas para comprar o bilhete a bordo, entupindo o acesso com “perguntas, pagamentos e trocos”. Mas não pense que a culpa é só dos turistas. No mesmo texto, apresentam-se outros responsáveis, como os carros parados nos carris.
Mas esta petição não nasceu apenas para reclamar e apresenta algumas ideias que podem ajudar a solucionar o problema. Uma delas passa pelo aumento das viaturas em circulação, que também pode passar pela introdução de mini-autocarros a fazer o mesmo percurso em hora de ponta ou mesmo a abolição da venda de bilhetes a bordo. Para viajantes impreparados, sugere-se a criação de máquinas de venda de bilhetes nas paragens ou funcionários da Carris a vender bilhetes cá fora como já acontece na linha do eléctrico 15.
Outra sugestão é a redução da diferença de preços com pacotes dos eléctricos turísticos a incluir o acesso a outras atracções, mas isso já acontece. Por exemplo, O Hills Tramcar Tour custa 18€ (válido por 24horas) e oferece descontos em monumentos – só que também dá acesso aos eléctricos públicos da Carris. Quanto aos carros mal parados, a petição sugere a “implementação de um sistema de actuação rápida para as situações de carros estacionados que impeçam a passagem do eléctrico, em parceria com as polícias e a EMEL”, que permita, por exemplo, “uma linha de comunicação directa do motorista para a entidade policial competente”. Só que essa parceria já existe, embora a funcionar de uma forma pouco diferente, através de equipas de fiscalização rápida que se deslocam de mota e de uma campanha chamada 2ª fila não é opção. Em Maio deste ano a Câmara Municipal de Lisboa divulgou que o estacionamento indevido foi responsável em 2017 por 937 horas de paragem da Carris.
Os autores da petição identificam-se como um um grupo informal de moradores da Baixa, já com currículo em petições – foi deles a conhecida e frutuosa petição sobre o acesso de autocarros de turismo à Sé de Lisboa. “Devido à experiência de alguns de nós no uso diário do 28, para trabalhar ou ir para a escola, começámos a tentar reunir algumas ideias que pudessem melhorar a situação e elaborámos uma exposição, que enviámos em Março passado à CML e à Carris, subscrita por cerca de 40 moradores”, explicou Inês Horta Pinto, uma das subscritoras, à Time Out Lisboa. “Como não tivemos qualquer resposta, nem do vereador com o Pelouro da Mobilidade, nem da Carris, e para evitar que as ideias que tínhamos reunido caíssem em saco roto, decidimos transformar a carta numa petição pública, o que permitirá que o assunto mereça mais atenção e, reunindo 250 assinaturas, seja discutido na Assembleia Municipal”. acrescentou.
No grupo desses 40 moradores destacam-se alguns nomes conhecidos como as jornalistas Bárbara Reis e Fernanda Câncio, o arquitecto Manuel Aires Mateus ou os artistas Fernanda Fragateiro e Tomaz Hipólito.
+ Assembleia Municipal de Lisboa: em 2018 já foram apresentadas 15 petições