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Petição para salvar Cinema Império ultrapassa 7000 assinaturas em menos de um dia

Documento foi submetido pela Academia Portuguesa do Cinema, na sequência da aprovação recente da alteração de uso do equipamento cultural.

Rute Barbedo
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Rute Barbedo
Jornalista
Cinema Império
João CarvalhoCinema Império
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"Lisboa não pode perder mais esta sala: salvemos o Cinema Império." É assim que a Academia Portuguesa de Cinema (APC) encerra o comunicado enviado às redacções esta segunda-feira, 9 de Dezembro, horas antes de lançar uma petição pública sobre o tema. Em 20 horas, a petição foi assinada por 7220 pessoas e começa por chamar a atenção para o facto de o cinema entre a Alameda Dom Afonso Henriques e a Avenida Almirante Reis, cujo projecto de alteração foi recentemente aprovado pela Câmara Municipal de Lisboa (CML), ser "uma das jóias culturais e arquitectónicas" da cidade.

Embora o Império funcione há mais de 30 anos sem actividade cultural (em 1992 acolheu a Igreja Universal do Reino de Deus – IURD), para a APC, o facto de o uso deste equipamento passar de cultural a religioso, e a paralela aprovação de alterações ao edifício, "é alarmante". "O futuro deste património está em risco", alerta a entidade, frisando que o projecto "inclui a ampliação do edifício, alterações de fachada e volumetria, além de modificações internas que comprometem a sua integridade enquanto imóvel classificado como de Interesse Público desde 1996".

Além desta possibilidade de intervenção no antigo cinema, a APC sublinha que o edifício sofreu alterações ainda antes do aval da Câmara, sendo, portanto, "ilegais". Ao mesmo tempo, mostra-se céptica quanto à protecção de elementos de valor patrimonial, como o painel cerâmico de João Fragoso. "Os pareceres emitidos pelo Património Cultural IP levantam dúvidas sobre a reversibilidade das alterações propostas e sobre a protecção de elementos icónicos como o painel cerâmico de João Fragoso e as pinturas murais do interior", pode ler-se na petição.

Para a APC, bem como para os mais de 7000 signatários do documento, travar a intervenção sobre este lugar icónico de Lisboa, onde se exibiram centenas de filmes, onde actuou Quincy Jones ou se realizou o primeiro Festival da Canção, em 1958, "não se trata apenas de salvar um edifício, mas de proteger a memória, a história e o futuro cultural de Lisboa".

Na história das salas de cinema de bairro, foram várias as que, nos últimos anos, desapareceram do mapa da Grande Lisboa. O caso mais recente é o do Atlântida Cine, em Carcavelos. Já em 2019, a cidade perdeu o Monumental, no Saldanha; o Fonte Nova, em Benfica, encerrou em 2015; um ano antes, o Cinema Londres transformou-se em loja chinesa; e, em 2013, dissemos adeus ao Cinema King, em Alvalade, entretanto colocado à venda. Em contrapartida, abriram três salas nos últimos dez anos: o Cinema Ideal, no Chiado, em 2014; o Cinema Fernando Lopes, no Campo Grande (Universidade Lusófona), em 2022 (que deixou, há um ano, de ser dinamizado pelo Alvalade Cineclube); e o Cine-teatro Turim, em Benfica, no ano passado.

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