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Enquanto Lisboa vibrava com a abertura do primeiro restaurante de Jamie Oliver no país, e a imprensa e televisão se acotovelam para dar as primeiras imagens das italianices do chef britânico no Príncipe Real, apenas umas ruas abaixo, o Grupo José Avillez, encabeçado pelo nosso chef mais internacional, abria de forma silenciosa um novo restaurante. Um novo microrestaurante, sublinhe-se, na Rua Nova da Trindade, bem perto do Bairro do Avillez, com um estilo de comida até então novo para o leque de restaurantes que tem em Lisboa: sabores do Médio Oriente.
O restaurante chama-se Pitaria, tem 18 lugares, música a puxar para o animado – há uma bola de espelhos no tecto – e uma pequena carta feita só e apenas de pitas. Diferente de tudo o resto que o chef tem no Chiado e não apenas no aspecto físico e na oferta. “Este é um espaço da equipa para a equipa”, explica Mónica Bessone, responsável de comunicação do grupo. Feito para as 500 pessoas que já fazem parte da equipa poderem passar e comer qualquer coisa a qualquer hora do dia. Foi pensado pelo chef, delineado com ajuda de outros cozinheiros e é um sítio onde se pratica uma linha de street food do Médio Oriente. “Somos cada vez mais, é uma maneira de aproveitar as vivências de cada um. Juntámo-nos a trocar ideias, com o chef [José Avillez] a liderar a discussão e pensámos que a Pitaria seria uma boa ideia. Um sítio com refeições leves, mas com qualidade”, acrescenta José Barroso, chef corporativo do grupo, que ajuda em todas as aberturas dos restaurantes, e com quem José Avillez esteve em Telavive no ano passado, no evento Round Tables.
A ementa vai directa ao assunto das pitas, sem atropelamentos de entradas e afins. São sete pitas, todas elas servidas no mesmo pão, feito por um israelita – há também hipótese de provar sem pão, em formato salada. Entre elas tem a clássica kebab (7€), com carne grelhada, cozinhada com especiarias, alface, tomate e pepino e uma maionese que leva mostarda Dijon; tem a falafel com baba ganoush (7€), com o falafel de grão, alface, agrião, tomate e a pasta de beringela feita na casa – “com a beringela mesmo queimada no bico e aquele toque a fumado”, conta José Barroso; a Sujuk (7,50€), com uma salsicha arménia, também receita caseira, com alface, tomate e cebola roxa; e uma última, mais original, a Arais (7,50€), uma pita chapada, “que vai à chapa, é inspirada na Jordânia e é a minha preferida”, admite, e é feita com carne picada com especiarias, queijo, chouriço de porco preto, alface, pickles de nabo, cebola roxa e coentros. A acompanhar, batatas fritas com zaa’tar – mistura de ervas com sésamo tostado – ou batata doce frita com raspas de limão e sal (as duas a 1,50€). A finalizar, a icónica baklava e um gelado de rosas com coco e pistáchio (3€, as duas). Mais: tudo pode ser pedido para take-away, um caso raro no Chiado.
Outra das ideias que trouxeram de Israel directamente para a Pitaria foi a dos shots. Leu bem. E não falamos em shots de comida, mas os autênticos, que vão saindo do balcão ao longo do dia. Há um estilo margarita, o Pitarita, e outro com ginjinha, medronho, lichias e groselha, o Ginjonho. “Vimos muito essa cultura em Telavive. Além dos clientes, os empregados dos restaurantes estão sempre a beber shots”, diz José Barroso. Para um copo que aguente toda a refeição, atire-se aos cocktails, como a Pitaroska, com vodka, beterraba e lúcia-lima, servida com gomas em formato ursinho (ohhh!).
Se notar a música a subir de volume, não estranhe porque é propositado. “É provável que se olhe cá para dentro e se veja gente a dançar.” Ou seja, este Pitaria é a verdadeira saída de um chef estrela Michelin para fora da sua zona de conforto. Mas é uma boa saída.
Rua Nova da Trindade, 11 (Chiado). Dom-Qui 12.00-01.00, Sex-Sáb 12.00-02.00.