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Pizzas, cocktails e música, assim se faz o Malice no Príncipe Real

Uma homenagem à avó, um pouco de malandrice e tem-se o Malice, o restaurante que o dono do Faz Frio abriu na Rua do Século.

Cláudia Lima Carvalho
Editora de Comer & Beber, Time Out Lisboa
Malice
Francisco Romão Pereira Chicago pie
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A música está alta e o sítio cheio de onda está mesmo a pedir para ser a próxima paragem no Príncipe Real, à semelhança do que acabou por acontecer com o Faz Frio. Ambos os restaurantes pertencem a Jorge Marques. Mas, se na primeira casa havia uma história para manter, no Malice a página está em branco e as ideias são muitas, quase todas à volta da pizza e dos copos.

Malice
Francisco Romão Pereira

Na carta, são as pizzas que se destacam, mas mesmo assim Jorge Marques é relutante em chamar pizzaria à casa que acaba de abrir. Não por ter dúvidas na qualidade do que serve, porque aí sabe bem o que está a ser feito na cozinha, mas antes porque não quer ter amarras. “Fazemos comida italiana, mas não somos um italiano fundamentalista. Amanhã, se quiser, posso meter alguma coisa japonesa”, diz, sem preconceitos, tal como quer que seja o Malice, um espaço aberto a todos e sem rótulos. “A ideia é isto ser uma cena muito tranquila, descontraída, para vires com os teus amigos comer, beber um copo”, acrescenta. 

Malice
Francisco Romão PereiraJorge Marques

Quando em 2018 abriu o Faz Frio, Jorge fez questão de manter praticamente tudo como estava. Afinal tratava-se de uma Loja com História. “Tinha 25 anos e aquilo tinha 130, eu não tinha direito de estragar o que já lá estava”, conta, sem esconder que havia já então o desejo de ter um espaço como o Malice, mais boémio. “É uma coisa um bocadinho mais à minha imagem. Queria um sítio aonde eu gostasse de ir todos os sábados e domingos.” Algo que o Faz Frio nos últimos anos acabou por se tornar, um sítio aonde se tem ido também para beber uns copos. “Eu nem fiz por isso, as pessoas simplesmente vieram. Estavam lá os meus amigos, depois estavam os amigos dos amigos, depois vinham os amigos dos amigos dos amigos. Mas pronto, agora é isto. Venham para aqui e não para ali”, diz, em tom de brincadeira o responsável, mas ainda assim falando sério. 

Malice
Francisco Romão PereiraPopping lolo e deep-freeze

No Malice, o horário ao fim-de-semana prolonga-se até às 02.00, com direito a DJ. A carta de cocktails é grande e promete algumas sugestões fora da caixa como o popping lolo (10€), com gin, licor de flor de sabugueiro e peta zetas, ou os deep-freeze (6€) com granizados de sabores feitos ali. “É fora do baralho. Fazemos um caramelito [12€], que é parecido com um old fashion, mas não tem nada a ver, leva caramelo salgado, licor de milho”, exemplifica Jorge.

Para picar, há entradas gulosas como as almôndegas (7€) ou a burrata (7€). Quanto às pizzas, é o brasileiro Bruno Gourlarte da Silva quem põe as mãos na massa, mas Jorge também fez questão de tirar um curso de pizzaiolo. Os dois discutiram a carta e o resultado são duas mãos cheias de pizzas “também ligeiramente fora do baralho”, a começar desde logo pela margherita sbagliata (13€), com uma base de mozzarella (da portuguesa Ortodoxo) em vez de tomate, que vai em cima, alinhado com o manjericão. A fichi & prosciutto (15€) junta o presunto aos figos, mas em vez da fruta é usado um creme de figos, “o que permite ter esta pizza ao longo de todo o ano”. A bestseller, por agora, parece ser, no entanto, a chicago pie (16€), uma bomba em forma de pizza, carregada de mozzarella, com salame picante.

Malice
Francisco Romão PereiraMargherita sbagliata

“Não fazemos as pizzas típicas que se vê em todo lado e isso é diferenciador também. Além disso, a massa é muito boa. Fazemos fermentação lenta, deixamos repousar no mínimo 72 horas”, explica ainda Jorge, revelando que, por mais arrojado que o Malice possa ser, a ideia surgiu até de um plano bem familiar. “Todas as quartas-feiras, a minha avó ia buscar-me à escola e dizia que eu podia comer aquilo que quisesse e todas as quartas-feiras íamos a uma pizzaria”, recorda. “Ela comprava uma pizza, metíamos numa caixinha e levávamos para casa. Ela comia um bacalhau, uma meia desfeita, uma mão de vaca ou outra coisa qualquer, e eu comia a minha pizza todo contente. Já faleceu há uns anos e eu sempre tive esta ideia de recriar este momento que era tão especial para nós.” O nome é também uma evocação dessa memória: “Curiosamente, as minhas duas avós, do lado do pai e da mãe, chamavam-se Maria Alice.” E depois há a veia malandra de Jorge, “por causa dos cocktails e do picante”. “E por isso achámos que malícia também fazia sentido. Então ficou o nome das minhas avós misturado com uma coisinha malandra, que é a minha parte.”

Malice
Francisco Romão PereiraRabanada

Não saia sem provar a rabanada (8€), que, lê-se no menu, "é a melhor sobremesa que alguma vez vai provar". Ou nas palavras de Jorge: "É uma rabanada 10.0".

Rua de O Século 238 (Príncipe Real). Seg-Ter 12.00-01.00, Qui 12.00-01.00, Sex-Sáb 12.00-02.00, Dom 12.00-00.30

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