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Pode o Panteão ser ampliado? Eça chega à última sala livre do monumento nacional

Depois desta quarta-feira, 8 de Janeiro, restam três lugares livres no Panteão Nacional. Será o fim do monumento como última casa de grandes personalidades da história nacional?

Rute Barbedo
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Rute Barbedo
Jornalista
Panteão Nacional
Ana LuziaPanteão Nacional
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José Maria Eça de Queiroz é a vigésima figura da história do país a receber honras de Panteão. Curiosamente, morreu em 1990, 66 anos antes de as famigeradas "obras de Santa Engrácia" estarem concluídas. Foram mais de 400 anos de intervenção e, esta quarta-feira, 8 de Janeiro, abriu-se a última sala disponível no monumento nacional para receber os restos mortais do autor de Os Maias. Restam três lugares livres, pelo que se levanta a questão: deixará o Panteão Nacional de poder conceder honras a grandes figuras da história do país?

Segundo o director, Santiago Macias, há duas soluções possíveis: "a homenagem através de placa, como foi o caso do diplomata Aristides de Sousa Mendes", realizada em 2021; e "a possibilidade de se fazer uma cripta no Panteão", sempre num "horizonte mais longínquo", explicou o responsável à SIC Notícias. A intervenção "será sempre uma das hipóteses a considerar", no entanto, implica "uma logística muito mais complexa e meios muito maiores", frisou. Associado a estas duas hipóteses, está um pressuposto central: "Espaçar um pouco no tempo este tipo de cerimónias, também para não as banalizar."

Nos últimos 25 anos, entraram cinco nomes para o Panteão: a fadista Amália Rodrigues, em 2001 (a primeira mulher ali homenageada); o primeiro Presidente da República, Manuel de Arriaga, em 2004; o escritor Aquilino Ribeiro, em 2007; a poeta Sophia de Mello Breyner Andresen, em 2014; e o futebolista Eusébio da Silva Ferreira, em 2015. Suficientemente espaçado para a dimensão do edifício? Será relativo.

Olhando para o futuro, e segundo uma alteração legislativa que teve lugar em 2017, a transladação de restos mortais para o Panteão Nacional apenas pode acontecer 20 anos após a morte da pessoa em causa (em 2017, o nome de Mário Soares chegou a ser sugerido, mas a família opôs-se à iniciativa). Não existe, de momento, nenhum nome nos planos de transladação para o monumento.

O projecto de ampliação

Embora não seja uma hipótese actualmente em análise, aumentar o espaço disponível na Igreja de Santa Engrácia não é uma ideia de agora, mas também nunca foi completamente abandonada. Para o actual director, aliás, deve ser tida em conta "se se considerar que o Panteão deve continuar a desempenhar esta função".

Na década de 1950, o arquitecto Luís Benavente apresentou "duas variantes distintas de acabamento, com quatro torres, cúpula e cripta sob a nave da igreja, atendendo às novas [na altura] atribuições sepulcrais do edifício", pode ler-se numa publicação da Associação Profissional de Conservadores-Restauradores de Portugal. Uma das variantes integrava "uma cúpula mais proeminente assente sobre tambor". A outra prometia "uma cúpula mais baixa apoiada directamente nas paredes". Nos desenhos partilhados, podem ver-se duas pequenas cúpulas a ladear a cúpula central, numa alteração ao edifício inspirada em exemplares como a Basílica de São Pedro, no Vaticano.

Basílica de São Pedro, Vaticano
DRBasílica de São Pedro, Vaticano

Na altura, a Junta Nacional de Educação emitiu um parecer altamente desfavorável ao projecto de Benavente, afirmando que a ideia implicava "enterrar no subsolo um panteão, sem qualquer expressão arquitectónica exterior". A opinião não foi (e ainda não é), porém, consensual. 

O Panteão Nacional foi criado por decreto em 1836, tendo funcionado na Sala do Capítulo do Mosteiro dos Jerónimos até 1966, ano em que foram concluídas as morosas obras da Igreja de Santa Engrácia e que permitiram passar ali a receber os restos mortais ou criar placas e cenotáfios para diferentes personalidades portuguesas. As primeiras transladações foram dos escritores Almeida Garrett, Guerra Junqueiro e João de Deus e dos antigos Presidentes da República Teófilo Braga, Sidónio Pais e Óscar Carmona. 

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