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Pode um hotel de cinco estrelas abrigar uma tasca? Pelo menos no espírito

A Tasca da Memória, no hotel Wine & Books, não é só para inglês ver. Quer ser um restaurante de bairro com comida a saber a casa.

Teresa David
Escrito por
Teresa David
Jornalista
Tasca da Memória
Ricardo Lopes
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Chama-se Tasca da Memória, fica no novo hotel de cinco estrelas, o Wine & Books, junto à Igreja da Memória, na Ajuda, e assume-se uma tasca portuguesa em toda a sua glória. Os petiscos e a comida de tacho, envoltos em nostalgia, levam-nos para casa dos nossos avós; a carteira não é tomada de assalto e a simpatia de quem nos recebe deixa-nos à vontade para pedir mais um copo. “Queremos ser um restaurante de bairro, para as pessoas deste bairro, tão tradicional", diz Ana Rijo, assessora do grupo Portugal Best Holiday, que detém o restaurante. "[Queremos que] venham e usem a Tasca da Memória como a sua sala de jantar.”

Tasca da Memória
Ricardo Lopes

Apesar da decoração aprimorada, a inspiração é a de um restaurante despretensioso. “Somos uma tasca na alma, mas com uma aparência mais sofisticada porque não deixamos de estar integrados num hotel”, explica Ana. Assim, seguindo o mote do hotel onde está inserido — o Wine & Books, que destaca a literatura e o vinho como símbolos da cultura portuguesa —, as paredes do interior lembram uma biblioteca, repletas de estantes de livros. A moldura da cozinha, aberta, está enfeitada com bacalhaus de Bordallo Pinheiro. As mesas em mármore querem lembrar as tradicionais tascas, mas com um toque de elegância, assim como a disposição das sobremesas, em jeito de buffet, expostas em frente à cozinha. A esplanada, bonita e romântica, pede temperaturas mais amenas.

Tasca da Memória
Ricardo Lopes

“Há sempre um estigma em relação ao restaurante de hotel. Este não é um restaurante de hotel, é um restaurante que está ao lado de um hotel, dá-lhe apoio, mas é um restaurante comum que quer ter clientes do bairro, com preços realmente preparados para eles”, garante a assessora. “Este restaurante é feito para o habitante do bairro da Ajuda em primeira mão e depois para toda a Lisboa que queira jantar fora, ter uma boa refeição portuguesa”, sublinha. Por isso também existem pratos do dia — uma sopa, um prato de peixe e um prato de carne — que complementam a carta habitual. Este mês, por exemplo, há bacalhau cozido com todos (16,5€) à segunda-feira, favas com entrecosto (9,8€) à terça-feira, pataniscas de bacalhau com arroz de tomate (9,5€) à quarta-feira, ou cozido à portuguesa (17€) ao domingo. 

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Ricardo Lopes

É Vidal Ferreira quem manda na cozinha. “Está connosco aqui porque esta é a linha de cozinha dele, está habituado a isto. Sempre serviu este género de pratos”, revela Ana. Pratos esses que vão de petiscos, como os peixinhos da horta (5,5€), ovos mexidos com farinheira (7,5€), salada de polvo (9,8€), cogumelos grelhados com bacon (7,5€) ou as pataniscas de bacalhau (2,5€); ou pratos mais robustos, como a massada de garoupa (19,5€), o bife de atum de cebolada com batata cozida (17€) ou bacalhau à minhota (16,5€). Para encerrar a refeição em beleza, pode provar uma (ou várias) sobremesas. O suflê memória, com maçã, é uma boa opção (3,2€). “São aqueles pratos que se comem e que se querem comer porque temos saudades, porque antigamente era o que se servia em casa dos nossos pais ou dos nossos avós.” 

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Ricardo Lopes

A carta de vinhos não fica atrás, não fosse este o Wine & Books. A responsável pela selecção, Marta dos Santos, chefe de sala, desenhou uma carta maioritariamente portuguesa. “Dentro do que é nosso, tentei referenciar-me na zona de Lisboa, se bem que tenho um bocadinho de cada ponto do país. Gosto de apostar em produções privadas, pequenas. Gosto de trazer aquilo que não se vê. Acho que isso é o que é mais interessante”, justifica Marta. A carta é própria para leigos e inclui uma explicação acerca das características de cada região. 

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Ricardo Lopes

Calçada do Galvão 8. Seg, Ter, Qua, Qui, Dom 12.00-15.00 e das 19.00-22.00. Sex-Sáb 12.00-15.00 e das 19.00-22.30.

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