[title]
Pensar num restaurante italiano sem queijo pode parecer uma incoerência, mas o novo Giulietta, na Avenida de Roma, é prova do contrário – e também a confirmação de que se pode esperar de um restaurante vegan tudo o que se espera de qualquer outro restaurante. Foi por aí, aliás, que começou a história do The Green Affair, dos mesmos donos, e que hoje tem já quatro restaurantes na cidade. Em vez de apostarem num quinto, arrojaram neste Giulietta.
No segundo dia de portas abertas, ao almoço as mesas encheram-se. As pizzas saíram do forno umas atrás das outras. Faltava pouco para as 14.00 quando se esgotaram. Percalços comuns nos primeiros dias de serviço, é verdade, mas a curiosidade do bairro, e dos seguidores do The Green Affair, também entra na equação. “O nosso plano era não comunicar logo nos primeiros dias para dar tempo para alinhar coisas, mas nos últimos dias, quando estávamos a montar coisas, as pessoas vinham cá perguntar e íamos explicando”, conta o director das marcas The Green Affair e Giulietta, Henrique Costa Pereira. Ajudou também que na conta de Instagram do The Green Affair tenham partilhado a novidade.
Está tudo ligado, afinal a vontade de abrir um italiano surgiu também do sucesso que os pratos italianos têm no restaurante vegan original. “É uma cozinha com a qual quase toda a gente sente alguma proximidade. Todos sentimos isso, é uma cozinha de conforto”, diz Henrique Costa Pereira. “Já há algum tempo que queríamos começar a criar outras dimensões na cozinha 100% vegetal, parecia-nos a nós um bocadinho mais óbvio ir para a cozinha italiana que é uma cozinha muito consensual, transgeracional”, continua.
A carta é do chef do grupo, Fábio Paixão da Silva, e pretende tanto não defraudar vegans como bons amantes de proteína animal. “A proposta que tínhamos para o início, e acho que temos vindo a fazer, era chegar ao máximo de pessoas, não nos fecharmos no segmento que já vai procurar esse produto. Queríamos estar em localizações onde passam muitas pessoas, com decorações e uma forma de nos apresentarmos apelativa.”
Até ver, a missão cumpre-se, mesmo sendo o Giulietta um projecto tão recente. A informação de que este é um restaurante 100% vegetal faz parte da imagem, mesmo assim ainda há quem se surpreenda. “Já aconteceu de estarmos a perguntar se estava tudo bem, se tinham sentido a diferença do queijo 100% vegetal. E as pessoas reagirem com surpresa: ‘Como assim?’”, lembra Henrique.
A carta do restaurante tem a divisão clássica de um menu italiano: antipasti, insalate, risotti, pasta, second piatti, pizze e dolce. Tudo o que a completa é que pode surpreender. Nas entradas, há por exemplo um carpaccio di portobello (6,50€), enquanto nas saladas a caprese (9,50€) leva mozzarella vegan fresca, rúcula, pesto e manjericão. Os risottos (12,50€) podem ser de espargos verdes e tomate, de cogumelos (marron, paris, shiitake e pleurotus), mas também de tofu, alga wakame e salicórnia.
Já nas pastas, há mais opções. Também aqui há um spaghetti alla bolognese (12,50€), que em vez de carne leva cogumelos e tofu biológico. Ou uma lasanha (12€), que é feita com esta mesma bolonhesa de cogumelos e tofu, com um molho béchamel e mozzarella vegetal. A rigatoni alla norma (13€) é feita com beringela, tomate, manjericão e ricota vegan.
Nas pizzas, Henrique Costa Pereira destaca o uso de “farinha 00 italiana e uma levedura de 24 horas”. A Giulietta (13,50€) leva tomate, mozzarella vegan, cebola roxa caramelizada, cogumelos, rúcula e nozes. Já a Green Affair (13,50€) é feita como uma massa de couve-flor, com molho pesto caseiro, rúcula, tomate seco e azeitonas.
Nos doces, o cheesecake de frutos vermelhos (6,50€) não será uma surpresa absoluta para os clientes do Green Affair. O bolo de chocolate cremoso com gelado de pistáchio (5,50€) é uma novidade.
“Nós também temos aqui a missão do veganismo, sendo que não é essa intenção [a de doutrinar], mas temos a responsabilidade extra de tentar mostrar que é possível ter uma boa experiência sem estar a desbastar meio mundo e a matar animais. Por isso tem de correr mesmo bem”, justifica o responsável, também ele vegan. “Nós queremos mesmo ajudar a mostrar que há alternativas.”
Quanto ao futuro, há ideias a maturar. “Há mais coisas, mas vamos ver.”
Av. de Roma, 46B (Roma). Seg-Dom 12.00-23.00.
+ No Downstairs at Betty's, a comunhão acontece à volta do piano