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Portugal tem, finalmente, uma mulher com estrela Michelin

Entre várias surpresas da noite, Vítor Matos destacou-se (outra vez) na Gala Michelin: o chef recebeu mais duas estrelas. Mas a ovação foi para Marlene Vieira. Ljubomir Stanisic perdeu a estrela no 100 Maneiras.

Cláudia Lima Carvalho
Escrito por
Cláudia Lima Carvalho
Editora de Comer & Beber, Time Out Lisboa
Marlene Vieira
Mariana Valle Lima
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Foi uma noite de confirmações, mas também de surpresas, entre as quais a perda da estrela de Ljubomir Stanisic no 100 Maneiras, no Bairro Alto. Foi, acima de tudo, uma noite em grande para a gastronomia portuguesa, que viu reconhecidos oito restaurantes com uma estrela Michelin, entre os quais Marlene, de Marlene Vieira, e o Blind e o Oculto, ambos de Vítor Matos, que já no ano passado se tinha distinguido na gala Michelin. 

Era só uma questão de tempo e a ovação na sala foi disso prova. Portugal tem, finalmente, uma mulher com uma estrela Michelin. A antecipada e muito desejada estrela chegou finalmente a Marlene Vieira com o seu Marlene, aberto em Santa Apolónia há dois anos. Na noite em que também Vítor Matos voltou a subir ao palco não uma, mas duas vezes, ao conquistar uma estrela Michelin para o Oculto, em Vila do Conde, e outra para o Blind, no Porto, a grande surpresa terão sido as distinções de Habner Gomes no YŌSO, Rui Filipe, no Palatial, em Braga, e Philippe Gelfi, no Grenache, em Lisboa. 

Nos novos restaurantes estrelados destacou-se ainda o Vinha, em Vila Nova de Gaia, chefiado por Henrique Sá Pessoa e Jonathan Seiller. Surpreendentemente, o vegetariano Arkhe, de João Ricardo Alves, em Lisboa, conquistou uma estrela, mas não houve quem subisse ao palco para receber o reconhecimento. 

Ao segundo ano da gala Michelin dedicada em exclusivo a Portugal, o ambiente na Alfândega do Porto, foi de festa. Se no ano anterior, as expectativas altas não se haviam confirmado exactamente, o mesmo não se pode dizer da cerimónia que aconteceu esta terça-feira, apresentada por Marta Leite Castro

“O sonho comanda a vida”

Em palco, feliz e vitoriosa, Marlene Vieira homenageou as mulheres cozinheiras. “É a minha terra”, gritou a chef. “Acima de tudo, o sonho comanda a vida. E este é um sonho tornado realidade”, acrescentou ainda de voz embargada, agradecendo ao marido João Sá, chef do Sála. “É obviamente a minha maior inspiração. Somos um casal cheio de estrelas, hã?”, riu-se ainda, deixando também uma palavra de agradecimento para Mário Cruz, o seu braço direito no Marlene. Há anos que a chef era apontada às estrelas, especialmente desde que abriu o Marlene, em 2021, onde nunca escondeu o seu objectivo. 

Por sua vez, Vítor Matos, que já se havia mostrado confiante em relação a 2025 em entrevista à Time Out, afirmou-se como um dos chefs portugueses com mais estrelas Michelin. O restaurante que abriu há poucos meses em Vila do Conde, com o chef Hugo Rocha, que o acompanha há anos, recebeu uma estrela, bem como o Blind, chefiado por Rita Magro, no Torel, no Porto. De recordar que Rita Magro já tinha sido coroada em 2024 na gala Michelin como a jovem chef do ano. “Foi um longo caminho, duro, sofrido, mas finalmente chegámos”, disse a chef, ao lado de Vítor Matos, que enalteceu a equipa. “Juntos fazemos o Blind”, afirmou Vítor Matos. 

Ainda a norte, embora seja Henrique Sá Pessoa de Lisboa, o restaurante do Vinha Boutique Hotel, em Gaia, conseguiu também a estrela. O trabalho que o chef vinha a desenvolver nos últimos anos conseguiu, por fim, conquistar os inspectores. Sá Pessoa soma assim uma estrela às duas que mantém no Alma, no Chiado. E em Braga, o recente Palatial, chefiado por Rui Filipe, foi uma surpresa e o chef não escondeu a emoção. 

Quem também nunca escondeu o objectivo de chegar aonde acabou de chegar foi Habner Gomes, que abriu o japonês YŌSO há menos de um ano, vindo do extinto Matte – e também por isso a surpresa (mais depressa se pensaria no Kappo de Tiago Penão). Com uma experiência omakase e menos de 20 lugares, o YŌSO foi pensado ao detalhe para responder a tudo o que o guia tem por hábito apreciar. 

Também emocionado, o francês Philippe Gelfi, chef do Grenache, em Lisboa, lembrou o trabalho feito nos últimos anos. “Comecei a minha carreira com 15 anos e a estrela Michelin sempre foi um sonho”, disse.

Diogo Formiga, chef do Encanto, foi surpreendido com uma estrela verde pelo trabalho que tem desenvolvido na busca por um restaurante mais sustentável. Vale a pena lembrar que o Encanto, de José Avillez, tem já uma estrela Michelin. 

Nos prémios especiais, José Diogo Costa, chef do William, restaurante do Reid’s Palace, no Funchal, é o jovem chef do ano. Já o prémio para serviço de sala foi para Nelson Marreiros, chefe de sala do Ocean, restaurante com duas estrelas Michelin no Algarve. “O mais importante é tentarmos mostrar um pouco da parte técnica, fazer as coisas bem feitas, misturá-la com hospitalidade para que os clientes não tenham vontade de ir embora. Marc Pinto, do Fifty Seconds, foi considerado o melhor sommelier. 

Na categoria que aponta os restaurantes com a melhor relação qualidade/preço, os Bib Gourmand, entraram para a lista: o Canalha, de João Rodrigues e Lívia Orofino (Lisboa); o Pigmeu, de Miguel Azevedo Peres (Lisboa); o Contradição, de Óscar Geadas (Bragança); o Oma, de Luís Moreira (Porto); e o Terruja, de Diogo Caetano (Alvados).

Houve ainda 35 novos restaurantes recomendados. Portugal contava até agora com oito restaurantes com duas estrelas Michelin, 33  com uma estrela (depois do fecho do Eneko Lisboa no final de 2023), 45 Bib Gourmand e 111 recomendados.

Os 35 restaurantes recomendados 

Porto e Norte (12 restaurantes)

  • Bistrô by Vila Foz de Arnaldo Azevedo (Matosinhos)
  • Cibû de Hugo Portela (Leça da Palmeira)
  • Culto ao Bacalhau de Amérino Peneda (Porto)
  • Esoerança Verde, de Hugo Sousa (Braga)
  • Flor de Lis by Vila Foz de Arnaldo Azevedo (Porto)
  • Kaigi, de Nuno Brás/Vasco Coelho Santos (Porto)
  • Le Babachris, de Christian Rullan (Guimarães)
  • Mito, Pedro Brsga (Porto)
  • Filho da Mãe, de Wesley Amorim (Braga)
  • Real by Casa da Calçada, de Emiliano Silva (Porto)
  • Seixo by Vasco Coelho Santos (Tabuaço)
  • Tokkotai, de Paulo César Nogueira (Porto)

Centro (10 restaurantes)

  • Ceia, de Renato Bonfim (Lisboa)
  • Conceito, de Daniel Estriga (Cascais)
  • Izakaya, de Tiago Penão e Isaac Jorge Penão (Cascais)
  • Las Dos Manos, Kiko Martins
  • Memórias Santar, de Luís Almeida (Santar)
  • Omakase Ri, de William Vargas (Lisboa)
  • Oven, de Hari Chapagain (Lisboa)
  • Prosa, de João Covas e Rui Paula (Aveiro)
  • Safra, de Sérgio Silva (Coimbra)
  • Vibe by Mattia Stanchieri (Lisboa)

Algarve e Madeira (13 restaurantes)

  • Ákua, de Júlio Pereira e Liliana Abreu (Funchal, Madeira)
  • Atlântico, de João Sousa (Porches)
  • Audax, de César Vieira (Funchal)
  • Avista Ásia, de Rui Pinto e Benoit Sinthon (Funchal)
  • Cavalariça Évora, de Catalina Viveros e Bruno Caseiro (Évora)
  • Gazebo, de Filipe Janeiro Gomes (Funchal)
  • Hibrido, de João Narigueta (Évora)
  • Legacy Winery, de Emanuel Rodriguez (Estremoz)
  • Mapa, de David Jesus (Montemor-o-Novo)
  • Oxalis, de Gonçalo Bita Bota (Funchal)
  • Restaurante F, de Luís Oliveira (Portimão)
  • Sublime Comporta Beach Club, de Diogo Gonzaga (Carvalhal)
  • Vistas Monte Rei, de André Simão (Vila Nova de Cacela)

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