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Na Rua do Terreiro do Trigo, em Alfama, funcionaram os primeiros e últimos banhos públicos da cidade. A longevidade dá-lhes o título duplo, mas esta não é a única característica a destacar nas Alcaçarias do Duque. Existiram "outros estabelecimentos similares mas sem a importância e o cuidado que estes detiveram até uma etapa avançada, já da segunda metade do século XX”, atestou à Time Out Filipe Santos, arqueólogo responsável pelas escavações no edifício, num artigo publicado em Janeiro sobre o tema. Na terça-feira, 29 de Outubro, a secretaria de Estado da Cultura classificou o Núcleo Arqueológico das Antigas Alcaçarias do Duque como monumento de interesse público, de acordo com a portaria publicada em Diário da República, noticiou a agência Lusa.
Tentando reconstruir o que ali terá acontecido durante séculos (a hipótese em cima da mesa é de que a estrutura tenha sido utilizada desde a época dos romanos), a ideia seria que, desde a chegada ao átrio, cada pessoa se dirigisse para um cubículo com a respectiva banheira, local onde beneficiaria da sua sessão terapêutica, aproveitando as propriedades medicinais das águas quentes, comuns na zona de Alfama. A estrutura contempla um total de dois corredores e 15 banheiras, com os pisos superiores destinando-se, provavelmente, a salas de tratamento.
![Edifício da Rua do Terreiro do Trigo](https://media.timeout.com/images/106195966/image.jpg)
A classificação como monumento deveu-se, diz o diploma, ao "seu interesse como testemunho notável de vivências ou factos históricos, ao seu valor estético, técnico e material intrínseco, à sua concepção arquitectónica e urbanística, e à sua extensão e ao que nela se reflecte do ponto de vista da memória colectiva". A secretaria de Estado destaca, ainda, o complexo como "o primeiro, o maior e o mais longevo balneário termal público da cidade, apresentando-se como testemunho da maior importância para a história do contexto hidrogeológico das afamadas águas de Alfama, com vestígios materiais dispersos por um largo território".
No rés-do-chão deste edifício oitocentista, erguido sobre os banhos, já funcionou um banco e uma loja chinesa. Agora, está prevista a abertura de um espaço de restauração, a par da musealização do antigo complexo de saúde e bem-estar. De acordo com a informação prestada à Time Out pelo arqueólogo Filipe Santos, o promotor da obra sempre apoiou a preservação da estrutura secular, considerado-a, inclusive, uma mais-valia para o espaço. A classificação como monumento de interesse público é um passo decisivo para a conservação deste "expoente máximo" da vida colectiva na Lisboa de outros tempos.
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