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Príncipe Real une-se em torno de nova associação. “Estamos a viver o bairro como nunca”

A Príncipe + Real foi criada para promover um dos mais cosmopolitas bairros lisboetas. Ao cimo desta colina, encontrámos um novo espírito de união.

Renata Lima Lobo
Escrito por
Renata Lima Lobo
Jornalista
Príncipe Real
Fotografia: Gabriell VieiraPríncipe Real
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Quando olhamos para o Príncipe Real vemos um bairro moderno, cosmopolita, onde a tradição não foi esquecida. Portugueses e muitos estrangeiros chamam-lhe casa e todos passam agora a ter um canal de comunicação comunitário. A associação Príncipe + Real, apresentada à população no último sábado, foi criada por um conjunto de moradores e também por empresas que ali fazem a sua vida – a EastBanc, a Uzina, a Príncipe Real Advogados, o Hotel Memmo, a Lacrima, a Plateform, a Casa Oliver, a Isto e a Imogávea. O grupo fundador que agora quer ouvir os vizinhos para ajudar a promover um bairro melhor. E mais próximo.

Patrícia Luz, educadora social e a responsável da associação, explica à Time Out que esta ideia tem alguns anos, mas que houve um gatilho fundamental para tudo começar a andar: a pandemia. Assim a cru, parece estranho, mas a verdade é que, com a falta dos turistas, os moradores começaram a sentir o bairro de outra forma. “Estamos a viver o bairro como nunca. Sem turistas, os espaços vazios, os habitantes a terem tempo e espaço para se olharem uns aos outros com outra calma. Há aqui um sentimento de identidade mais forte e se calhar é a altura certa para criar esta associação”, diz Patrícia, ao recordar as motivações que deram o pontapé de partida para a Príncipe + Real.

A realidade é que ao tirarem algumas peças do tabuleiro das ruas do bairro, a comunidade ganhou um renovado sentimento de pertença. E não é uma associação só de moradores, nem só de comerciantes. “Até acho que é mais que as duas coisas juntas, que é mesmo da comunidade do bairro. É um bocadinho inovador, não sei se existe um modelo semelhante em Portugal ou não, mas mesmo que haja qualquer coisa semelhante não é muito comum”, explica a responsável da Príncipe + Real, uma iniciativa local que também quer envolver entidades públicas e todos os que tenham uma ligação ao bairro. “A ideia é de tempos a tempos reunir com essas entidades e partilharmos as nossas intenções, as nossas prioridades, o nosso plano de acção. A iniciativa foi muito bem recebida pelas duas Juntas que o bairro alcança [Misericórdia e Santo António] e ambas tiveram uma visão muito aberta sobre a pertinência desta associação. E viram-nos como parceiros e não como rivais.”

Para desenvolver as suas actividades, o grupo fundador começou por definir três eixos principais sobre os quais irão trabalhar. O primeiro é a coesão, mantendo “o ADN do bairro fiel a si próprio”, promovendo a partilha e valorizando as histórias de vida das pessoas que estão no bairro. “Se calhar fazer um levantamento das personagens mais características, a senhora da mercearia, o senhor do talho… tudo isto pode ter um potencial humano muito giro de vir a lume”, propõe Patrícia. O segundo eixo são as melhorias, dando oportunidade a quem ali vive e trabalha de apontar algumas questões que possam melhorar a qualidade de vida. E, por fim, a dinamização. “Não queremos uma dinamização cega, aquela ideia de trazer mais gente ao bairro, porque não se trata disso. É uma visão diferente: quais são as acções que fazem sentido para este tipo de bairro? O que podemos promover que não o descaracterize, que não o torne impessoal, antes pelo contrário? Que o defina e envolva todos os participantes de forma articulada? Estes três eixos vão estruturar o nosso plano de acção”.

Uma das iniciativas que já está na manga, avança Patrícia, é “um livro muito bonito sobre os mais velhos do Príncipe Real. E sacar as histórias das vidas deles. Há-de haver de tudo, do mais intelectual à pessoa mais humilde”. Uma das vantagens de ter pesos pesados na associação, como a EastBanc (empresa de desenvolvimento e gestão imobiliária), é poder contar com essas empresas para ajudarem a concretizar ideias mais dispendiosas. Patrícia dá um “exemplo bonito”: “Soubemos de um projecto que é o Pedalar Sem Idade. São uns trishaws que levam as pessoas mais idosas a passear ao ar livre. A EastBanc soube disso e achou que tinham a capacidade financeira de adquirir um trishaw para o bairro. Compraram e agora será a associação a gerir. Estas, como outras, serão iniciativas que vão acontecer.”

A associação, que a responsável descreve como "despretensiosa e unificadora", já tem algumas ideias no papel, mas será em conjunto com os futuros sócios que tudo ficará definido. “Não temos a ousadia de fazer das nossas ideias as ideias da associação. Porque depois queremos que nessa tela em branco se juntem muitas outras.”

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