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Projecto para torre de 20 pisos em Carnaxide promete descongestionar A5

Hugo Torres
Escrito por
Hugo Torres
Director-adjunto, Time Out Portugal
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Investimento privado de 80 milhões de euros inclui a criação de um túnel rodoviário, para o trânsito local entre Carnaxide e Linda-a-Velha. Edifícios estarão prontos em 2021.

“Mais do que um projecto imobiliário, é um projecto de criação de um lugar.” Os quatro edifícios que vão nascer em Carnaxide, junto ao nó de ligação da A5, foram apresentados nesta quinta-feira como uma injecção de vida comunitária nesta vila de Oeiras. É um complexo com uma área superior a 38 mil metros quadrados, a maior parte dos quais como espaço para escritórios, que inclui zonas verdes, terraços, uma praça, um hotel de quatro estrelas, 1100 lugares de estacionamento e o ex libris do projecto: uma torre de 20 pisos.

A citação é de José Luís Pinto Basto, CEO do The Edge Group, holding de investimento e capital de risco que, além de projectos imobiliários, é responsável pela expansão dos ginásios Fitness Hut ou pela recuperação de marcas como a Majora. Para este empreendimento, o grupo português aliou-se à Ceetrus, que gere os centros comerciais Alegro, o Fórum Montijo, o Fórum Sintra e o Sintra Retail Park, e está sob o chapéu da Associação Familiar Mulliez (que detém, por exemplo, os supermercados Auchan).

O investimento é de 80 milhões de euros. Serão construídos quatro edifícios: três de escritórios, incluindo a torre, e um business hotel de quatro estrelas, que será explorado pelo grupo Marriott através de “uma das suas marcas inovadoras”. O projecto inicial não incluía um hotel, mas o presidente da câmara de Oeiras, Isaltino Morais, disse aos investidores que fazia falta – um estudo posterior confirmou “uma grande falta de um hotel naquela zona”, a dez minutos de carro do Marquês de Pombal e a 20 do aeroporto.

Cinco District

Chapman Taylor

Preocupada com a pressão que um projecto que planeia acolher 3000 postos de trabalho e criar mais 100 exerceria sobre o trânsito já congestionado da zona, a autarquia exigiu como contrapartida à aprovação do complexo a criação de um túnel rodoviário nas imediações. Passará por baixo da rotunda que faz a ligação entre Carnaxide e Linda-a-Velha, e onde confluem o trânsito local e o que sai da A5. O túnel permitirá separar os fluxos de trânsito e melhorar a eficiência da circulação. O congestionamento dessa zona chega a ter consequência na circulação automóvel, por vezes, até ao Marquês de Pombal. O túnel custará 3,5 milhões de euros e tem de estar pronto antes do edifícios. A obra demorará nove meses e a data de execução depende da câmara de Oeiras.

O “Cinco District”, como foi baptizado, estará pronto no segundo semestre de 2021. As obras, que decorrerão ao longo de 22 meses, terão o início na segunda metade deste ano. O projecto é da Chapman Taylor, que ganhou um concurso internacional lançado pelos dois grupos investidores. O atelier de arquitectura londrino tem uma forte presença internacional, com projectos em 90 países. Deixou para trás “várias” propostas portuguesas.

A torre terá 80 metros de altura, 20 pisos e um rooftop com vista 360º para o rio Tejo e para o mar. O edifício, situado numa zona alta da região, fica ao nível do centro comercial das Amoreiras – e até superior à Torre Vasco da Gama, o edifício mais alto de Portugal mas construído a uma cota baixa. Terá um extenso jardim vertical e uma zona lounge no quinto piso, que ficará ao nível do terraço de um dos outros dois edifícios de escritórios. As zonas verdes são, aliás, uma marca do projecto: começam na “praça aberta”, onde haverá serviços e restaurantes, estende-se pelo parque de estacionamento e vai subindo pelos edifícios.

Cinco District

Chapman Taylor

A sustentabilidade foi sublinhada pelo CEO da Ceetrus, Mário Costa, que destacou a certificação internacional BREEAM atribuída ao projecto. O que significa que se trata de uma construção ambientalmente responsável. A rega dos 7400 metros quadrados de zonas verdes será feita com água captada por furo e água das chuvas, que ficará em reserva. A impermeabilização do solo também foi minimizada e os edifícios terão painéis solares para a criação de energia. Os elevadores terão uma “gestão eficiente” e a iluminação será feita com LED de baixo consumo. O parque estacionamento – que deverá ser aberto à comunidade, embora não seja ainda certo em que moldes – têm 40 lugares reservados para carros eléctricos.

Sobre um eventual reforço da oferta de transportes colectivos na zona, José Luís Pinto Basto disse que se trata de “uma zona bastante consolidada”, com muitos autocarros. O promotor afiançou que, ainda assim, esse reforço será necessário e que já iniciou um diálogo com os operadores da região.

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