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Quanto custa uma casa? A conta pode não ser matemática e ir muito além da soma das partes – dos materiais que a compõem, do trabalho que envolveu, da gente que empregou para a pôr de pé. Do lugar onde fica e de tudo o que fica à sua volta. Do tempo em que fica e de tudo o que está a acontecer em seu redor. Mas uma casa custa o preço que pedem por ela, custa o preço que alguém paga por ela, um número redondo, absoluto. E contra números raramente há argumentos, mesmo que estes não sejam exactamente resultado de operações rigorosas, raciocínios lógicos ou padrões científicos.
Pergunta bem diferente é: quanto vale uma casa? Casa é lar, é morada, é poiso, família e abrigo. Não é só paredes e portas, chão, tecto e janelas. É imaterial. É símbolo. Casa é dever. Casa é direito.
Com a crise da habitação, em Lisboa, no país e na Europa, andamos obcecados com o preço das casas. Quem vende e quem compra, quem aluga e quem arrenda – todos fazem contas à vida. O governo tarda em enumerar medidas, e quando as enumera, umas quantas fórmulas para dar resposta aos problemas que se vêm encavalitando há anos, o resultado falha. Ora para uns, ora para outros. Porque números e valores nunca antes andaram tão desencontrados.
Mas foquemo-nos nos números, que os valores são variáveis, mexem com o coração e embaciam o raciocínio. O ordenado mínimo em Portugal é 760€. A média para novas rendas em Lisboa, de acordo com o barómetro do portal imobiliário Imovirtual, ultrapassou em Dezembro os 2000€. Eis quanto custa uma casa na cidade. Mas será que é isso que vale? A pergunta e as respostas – ou a falta delas – estão a gerar uma onda de indignação e activismo, que reclama por soluções e, acima de tudo, por dignidade.
Quanto custa a dignidade? E quanto é que vale? A conta é mais, muito mais do que a soma das partes, como mostramos no novo número do Lisbon by Time Out, que chega às bancas esta terça-feira.
Nesta edição do jornal em inglês, para estrangeiros residentes ou de passagem, vai ainda encontrar tudo o que Cascais está a preparar para as Jornadas Mundiais da Juventude (olhe que não é pouco), as respostas da presidente da Junta de Freguesia de Arroios, Madalena Natividade, às perguntas dos nossos leitores e uma conversa com João Gonzalez e Bruno Caetano, os criadores de Ice Merchants, o primeiro filme português nomeado para um Óscar – não ganhou mas já fez história.
Mais? O clube de foodies espanhol que chegou a Portugal, o renascimento (e rejuvenescimento) do tricot e um novo crítico gastronómico. Luís Monteiro começou por um clássico: o Solar dos Nunes.
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