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Praça no centro de Lisboa reabriu ao público depois de câmara ter rejeitado projecto que previa a instalação de contentores comerciais. Concurso para requalificação do local será lançado em breve.
Os tapumes que vedavam o acesso à Praça do Martim Moniz começaram a ser retirados durante a noite de segunda-feira. Passado quase um ano de terem sido colocados para dar início ao projecto que previa a instalação de contentores naquele espaço, o plano acabou por ser abandonado pela câmara, depois da contestação das forças políticas da oposição, dos moradores, de movimentos de cidadãos e da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior.
Nesta terça-feira de manhã ainda era possível ver a estrutura que ladeava a praça a ser removida. A obra que previa a criação de uma área comercial com cerca de 30 a 50 lojas chegou a iniciar-se, tendo sido transportado para o local um contentor-modelo e instaladas as fundações para as estruturas metálicas. Mas os tapumes foram vandalizados e foi aí que os problemas com o lixo, o tráfico e o consumo de droga aumentaram. E com tudo isso veio a insegurança.
Daniel Miguinhas, 61 anos, é morador na zona há três. Desde que as obras começaram diz que se assistiu a um agravamento da situação no Martim Moniz. A sua janela dá para a praça e é de lá que diz ter assistido muitas vezes “a bebedeiras, roubos e zaragatas”, dentro e fora da zona vedada. O morador aponta que os quiosques anteriormente instalados não cumpriam com os horários de fecho, mas que, de certa forma, amenizavam o que “sempre se passou ali”.
Em Julho, a autarquia anunciou que o projecto entregue à empresa concessionária Moonbrigade Lda. não iria avançar e que seria lançado um concurso de ideias para a requalificação do espaço até ao final do ano. Fernando Medina, presidente da câmara, disse que os tapumes começariam a ser removidos em Setembro, mas tal só aconteceu agora. Entretanto, fruto das queixas de moradores e comerciantes, o município decidiu avançar com obras de preservação do espaço, melhorando a iluminação circundante e plantando novas árvores e plantas nos canteiros da praça.
Apesar das transformações iniciadas pelo executivo, Manuela Costa, 44 anos, residente e dona de um dos quiosques de jornais que circundam a praça, não se mostra satisfeita com a situação de abandono a que a praça foi votada. “O Martim Moniz agora não tem nada”, lamenta. “Vai haver traficantes, drogas. Acho que ficará pior”. A comerciante refere que quando os quiosques e bares estavam na praça havia movimento e que os donos não deixavam que algumas das situações de insalubridade e de tráfico e consumo de droga ocorressem. No futuro, gostaria que o espaço viesse a ser um jardim, apesar de o antever difícil.
Miguel Coelho, presidente da junta de Santa Maria Maior, espera agora que a câmara ponha em marcha o concurso para um novo projecto, algo “que será para breve”, e mostra-se disponível para participar no processo. “Sabemos o que queremos para ali. Queremos uma solução feliz para a praça, tendo como base um jardim com zonas de lazer para as famílias e para as comunidades que habitam o território”, disse. À Time Out, lembrou que aquele território não poderá ser um “espaço comercial e de diversão nocturna, como o era anteriormente e que muitos problemas causou aos moradores”.