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Queer Tropical dá a mão à comunidade LGBT+ brasileira em Portugal

O Queer Tropical é um colectivo de apoio a pessoas LGBT+ brasileiras a viver em Portugal. Falámos com uma das responsáveis.

Escrito por
Clara Silva
LGBT+, Queer Tropical, Colectivo de apoio a pessoas LGBT
©DRQueer Tropical
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O Queer Tropical nasceu como resposta ao medo. Quando Jair Bolsonaro foi eleito Presidente, em 2018, Débora Ribeiro, a fundadora, “viu que havia muitos brasileiros que estavam com medo da legitimação do discurso de ódio [no Brasil] ou que sofreram violência e viram que faltava esse apoio para a comunidade que queria emigrar para Portugal”. Decidiu então avançar, a 31 de Outubro desse ano, com uma rede de apoio voltada para as pessoas LGBT+ brasileiras – não só as que já viviam em Portugal como as que planeavam mudar-se para estas bandas. Começou no Facebook e foi crescendo. Hoje, tem mais de dois mil seguidores. Os pedidos de ajuda também, não só vindos do Brasil.

“Vimos que a comunidade também estava a passar aqui [em Portugal] por muitas situações de preconceito e violência na rua, de falta de emprego, e o nosso objectivo é prestar apoio a essa comunidade”, conta Anabelly Pontes, uma das voluntárias do colectivo, que em Janeiro foi um dos primeiros a lamentar o caso de Angelita Correia, brasileira trans encontrada morta em Janeiro na praia de Matosinhos. As respostas aos pedidos de ajuda vão desde fazer a ponte com outras associações (como a ILGA Portugal) a dar aconselhamento sobre casamento entre pessoas do mesmo sexo, sobre questões de saúde (como o funcionamento do SNS), de trabalho ou de direitos humanos. Esse tem sido o principal papel do colectivo, que vive do trabalho de voluntários, sem qualquer outro apoio financeiro.

Durante a pandemia, têm feito um trabalho de “informação e formação”, sublinha Anabelly, com lives, palestras online (por exemplo sobre feminismo) e partilha de depoimentos de vivências em Portugal, como os de várias mulheres trans no Dia da Visibilidade Trans (29 de Janeiro), com vídeos no Instagram e no Facebook. “Estamos com uma programação para partilhar experiências”, continua. “Vamos tentar mesclar temas de relevância para a comunidade brasileira LGBT e ao mesmo tempo tentar fazer uma coisa descontraída, para reunir as pessoas [digitalmente] e tentar trazer um bocadinho de alegria nesse caos.”

No Facebook criaram um grupo, o Queer Jobs, para quem está à procura de trabalho, principalmente na região Norte, de onde são muitos elementos do colectivo. Partilham também apelos como o de Nany Aguiar, uma das voluntárias do Queer Tropical, à procura de ajuda financeira para mudar de casa com a companheira. “Viemos para cá por causa do avanço da violência da extrema-direita no Brasil”, conta no Facebook. “Estamos aqui já faz dois anos e tínhamos planos de ir para Lisboa no futuro próximo para trabalhar, mas de novo nos deparamos com intolerância, violência e, mais recentemente, abuso policial dentro de nossa própria casa.” São casos assim que justificam a existência do Queer Tropical.

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