[title]
Não precisa de pôr as mãos no barro, mas pode dar o seu contributo monetário em mais uma campanha de crowdfunding do Museu Nacional de Arte Antiga, uma táctica que tem dado frutos nos últimos anos.
Desta vez os holofotes do mecenato viram-se para o Presépio dos Marqueses de Belas e não há como não adorar este menino. Trata-se de uma peça única e pioneira em Portugal, executada entre 1796 e 1812, numa empreitada que foi dirigida pelo escultor Barros Laborão.
É o maior presépio privado português, se tirarmos desta equação presépios monumentais como o da Basílica da Estrela. E tal como os presépios que muitos têm por casa, foi recebendo peças, encomendadas ou adquiridas por Laborão aqui e ali, dados que serão agora estudados e cimentados durante o processo de restauro que, se tudo correr bem, estará pronto antes da próxima tempor…. Consoada.
A história deste presépio começa com uma encomenda de José Joaquim de Castro, coleccionador de figuras e autómatos, e não pelos Marqueses de Belas, como o nome sugere. O equívoco nasce do facto dos ditos marqueses serem os patronos do escultor e por alguns associarem umas imagens do presépio aos então mecenas de Laborão.
O nome assim ficou e assim é conhecida esta obra de arte, ainda conservada dentro da sua maquineta original, que conta ainda com pequenas esculturas de outros autores, como é o caso de Joaquim António Macedo – que até deixou a sua assinatura em algumas das peças.
No início do século XX o presépio é vendido a descendentes do Marquês de Pombal e em 1937 Sebastião de Carvalho Daun e Lorena vende-o ao primeiro director do MNAA, José de Figueiredo.
Restaurar um presépio com 358x422x162cm, um torrão em cortiça e mais de 100 peças em barro cozido policromado, algumas fora do sítio (há fotografias antigas que o comprovam), outras com os dedinhos dentro de pequenos sacos de plástico, não vai sair barato. O processo é bastante minucioso, ao ponto de ser necessário o reforço da equipa de restauro que nunca tem mãos a medir com o acervo do museu. E é aqui que o MNAA precisa da ajuda de todos para atingir 40 mil euros, idealmente até ao final deste Verão.
Numa primeira fase, estão a ser retiradas, uma a uma, as figuras que se encontram representadas neste que foi o último grande presépio, mas o primeiro da modernidade. Ou seja, é o primeiro registo do presépio caseiro, em que se pode ir acrescentando peças a cada Natal. Neste em particular, tanto se encontram personagens típicas da narrativa sagrada, como personagens-tipo da época, do alfaiate ao soldado francês.
O Presépio dos Marqueses de Belas ficará instalado no museu, perto da Sala dos Presépios, numa espécie de antecâmara da Capela das Albertas – fechada desde 2007 e também em fase de restauro. Os trabalhos na capela estão previstos demorar cerca de dois anos, mas o espaço será visitável na lógica de estaleiro aberto.
Descubra aqui como se tornar mecenas.