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Foi em 2018 que aconteceu o último Rama em Flor, um festival independente que celebra o feminismo e a cultura queer. Na altura assumia-se como um herdeiro do Ladyfest, que nasceu em 2000 a partir do movimento riot grrrl, e que desde então é organizado independentemente em vários países com objectivos como aumentar a “representatividade feminina e trans, incitar a consciência política, a actividade cívica e estimular a liberdade das identidades e expressões de género”.
Três anos depois, a organização (Beatriz Vasconcelos, Daniela Ribeiro e Raquel Serra) anuncia a chegada da terceira edição na Primavera, ainda com uma programação por afinar. Para já, sabe-se que o festival se estenderá ao longo de quatro meses, de Maio a Setembro, com arranque a 22 do próximo mês.
Esta edição alargada, urgente em altura de crise, sublinha a organização, toca em temáticas como “questões raciais, cuidados trans, afectos e redes de proximidade, ecofeminismo e curadorias queer”. A ideia do festival é “proporcionar lugares de debate, reclamar o corpo na cidade, recuperar o contacto comunal e dar visibilidade às comunidades menos representadas”, lê-se num comunicado.
A programação musical será um dos pontos altos, com nomes já confirmados como o da artista trans Aurora Pinho, que acaba de lançar o disco Flesh Against Flesh, A lake by the mõõn e um DJ set de Dakoi a acontecer no Núcleo A70 no sábado, 22 de Maio. Em Junho, o festival continua na Galeria Zé dos Bois com artistas emergentes como Suzana Frances, Lil Mammi Barbz, Killian e Phoebe e o aniversário da editora queer Troublemaker Records. Nesse mês, e para assinalar os Santos Populares, haverá uma “matiné de música de dança” na Voz do Operário, adiantam.
Ao todo, serão perto de 30 artistas ao longo destes quatro meses. E a programação não se fica por aqui. A organização propõe uma série de passeios pelos espaços verdes e pelas ruas de Lisboa, guiados por “artistas, activistas, colectivos de urbanismo e outros especialistas que permitirão desenvolver um reencontro mais íntimo e harmonioso”, explicam.
Irá também organizar em Junho um ciclo de conversas com um concerto e a exibição de um documentário sobre o conceito de branquitude. “Num espaço social e cultural onde o branco é tido como o certo, o bom, o moral, o digno, o superior, este ciclo propõe-se a desordenar e desconstruir essa concepção do que é ser branco, trazendo corpos que são vistos como outros para o lugar de sujeitos autodeterminados.”
Em Julho, irão disponibilizar também uma tradução em português da zine Building Towards an Autonomous Trans Healthcare, sobre cuidados de saúde para pessoas trans, com colaborações de Alice Azevedo, Dusty Whistles e Áquilla Correia aka Puta da Silva, e uma série de conversas com activistas associadas ao tema.
A programação completa será anunciada em breve no site e nas redes sociais do Rama em Flor.
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