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Ratos no Bairro Alto: moradores e comerciantes queixam-se de “aumento significativo”

São ratos do bairro mas ninguém os quer lá. Junta de Freguesia da Misericórdia teme reviver problema de 2022, mas Câmara de Lisboa nega aumento de pragas na cidade.

Rute Barbedo
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Rute Barbedo
Jornalista
Rosetta's
Francisco Romão Pereira Rosetta's, no Bairro Alto
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Os relatos e queixas quanto ao número de ratos e ratazanas que circulam nas ruas do Bairro Alto são cada vez mais frequentes. Nas redes sociais, há quem fale de uma situação "calamitosa", eventualmente relacionada com a "falta de higiene e combate às pragas" ou, ainda, de "um problema grave de saúde pública". Carla Madeira, presidente da Junta de Freguesia da Misericórdia, diz não conseguir aferir se esta zona da cidade está "perante uma infestação ou uma praga", em termos técnicos. O que sabe, declara por telefone à Time Out, é que "há mais ratos do que havia antes".

A autarca (do PS) acredita que esta constatação demonstra uma deficiência na actuação da Câmara Municipal de Lisboa (CML), que acusa de não estar a agir "de acordo com as necessidades" desta zona da cidade. Se "há um problema relacionado com o aumento significativo do número de ratos, ele tem de ser identificado" pelo pelouro da Higiene Urbana, defende a responsável. "Havendo uma desratização contínua, eles não crescem. E os ratos que temos visto são grandes. Portanto, esta é uma questão de saúde pública que tem de ser resolvida", afirma. Carla Madeira refere que tem "denunciado a situação à Câmara, várias vezes", no entanto, o feedback é nulo. "Dizem que estão a fazer o controlo de pragas, mas não nos dão relatórios exaustivos sobre o que fizeram, ou seja, em que ruas estiveram e o que foi feito. Por isso não sabemos."

No Verão de 2022, o Bairro Alto deparou-se com uma praga de roedores, que obrigou à transferência dos alunos da Escola Básica Padre Abel Varzim, na Rua da Rosa, para outro estabelecimento. "Havia pacotes de leite roídos. Não havia como manter as crianças ali", recorda a presidente da Junta. Na altura, terá existido um problema com os serviços de controlo de pragas contratados pela CML, que levou a dois meses sem acções de higiene urbana deste âmbito, segundo Carla Madeira. Desde então, "a situação abrandou, mas agora há novamente um grande aumento" do número de ratos e ratazanas. 

Ratos e baratas em Lisboa? Nada fora do normal, diz Câmara

A Time Out questionou a área de Higiene Urbana da CML sobre o assunto, mas a autarquia assegura não ter "registo de aumento de pragas" na cidade. Relativamente à Misericórdia, afirma que, "durante o mês de Fevereiro, e no âmbito do planeamento do serviço de prevenção do controlo de pragas", os serviços estão "a intervir em toda a freguesia e, pontualmente, de forma reactiva, a responder a solicitações" que lhe são endereçadas. No entanto, o maior número de queixas nem sequer chega de bairros históricos, de acordo com a resposta por escrito dada pela CML. "As freguesias que têm maior registo de ocorrências são as de Alvalade, Areeiro, Olivais, Lumiar e Campo de Ourique", dá conta a autarquia. Contactado pela Time Out, o presidente da Junta de Freguesia de Campo de Ourique, Pedro Costa, desconhece qualquer situação fora do normal a respeito deste tema. No entanto, afirma que, "devido às falhas de recolha, tem havido mais lixo na rua" e que, por esse motivo, a Junta vai lançar uma campanha para sensibilizar os fregueses quanto ao depósito de resíduos nas ruas, também com a intenção de melhor prevenir eventuais pragas.

Uma das questões que se colocam é o que motivará a proliferação desta espécie na cidade. A CML responde que há "vários factores" em jogo, como "o abandono de resíduos na via pública, a alimentação indevida de animais (gatos, cães, pombos…), a existência de imóveis devolutos e/ou desabitados, os quais são potenciais focos de murídeos" (grupo de roedores em que se incluem os ratos). Embora a recolha do lixo em Lisboa seja alvo de críticas regulares por parte da população e o presidente do executivo, Carlos Moedas, admita que o serviço tem deficiências, a Câmara declarou à Time Out que está a agir "preventivamente" em relação a pragas com a "intensificação da recolha de lixo acumulado e materiais em desuso, que se encontram na via pública, o aumento da fiscalização no controlo da deposição indevida de resíduos, a sensibilização das juntas de freguesia para a necessidade de manter limpo o espaço público e a identificação de imóveis abandonados, com potencial risco de proliferação de pragas, notificando os seus proprietários para vistorias conjuntas e, caso necessário, aplicação de mediadas correctivas".

De acordo com o Plano Anual do Controlo de Pragas da CML, todas as freguesias são alvo de um "mínimo de três campanhas intensivas de controlo da população murina e respectivas repicagens", e parasitas, e de duas campanhas intensivas de controlo efectivo da população de baratas, que costumam crescer em número com o aumento das temperaturas. Além do que está nos planos, a autarquia garante que intervém de forma pontual, em diferentes zonas da cidade, quando a sua acção é solicitada.

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