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Quando entramos na Re-Read, livraria na Avenida de Roma, rapidamente somos recordados de que estamos na época natalícia. Pessoas entram e saem da loja, algumas com vários livros debaixo do braço e outras de mãos a abanar. Estão mais interessadas em descobrir uma das novidades da cidade.
Este espaço é a mais recente expansão do franchise espanhol – com dezenas de lojas naquele país e uma em Paris – que tem a peculiaridade de vender e comprar livros usados sempre pelo mesmo preço pré-estabelecido. Um livro (independentemente de qual se trata) custa 4€, dois têm o valor de 7€ e cinco podem ser adquiridos por 15€ (na versão espanhola, dois livros custam 6€ e cinco custam 12€). Se estiver interessado em vender, cada exemplar é comprado por 25 cêntimos.
Na Re-Read, podemos encontrar a proprietária, Inês Toscano, que está sempre ocupada com alguma coisa. Seja a ajeitar a posição dos livros na prateleira, a atender clientes ou a subir e a descer as escadas até aos armazéns, as semanas após a abertura têm sido caóticas. “É algo que faz parte”, explica-nos. “Estou sempre atenta, quero deixar tudo bonito e fácil de localizar”.
Quando Inês descobriu o conceito da livraria em Espanha, achou que era algo perfeito para adoptar no nosso país. “Depois de fazer uma pesquisa, percebi que a Re-Read era um franchise e estavam interessados em entrar no mercado português. Não temos nada assim aqui. Só temos livrarias, com livros novos, ou alfarrabistas. Não existe um intermédio”, refere.
A proprietária achou que esta era a forma ideal de dar uma nova vida às obras que temos paradas nas nossas casas. Este espaço aceita praticamente tudo. Enciclopédias talvez sejam difíceis de encontrar, mas, por exemplo, deparámo-nos com clássicos da literatura, como Cândido de Voltaire ou Guerra e Paz de Lev Tolstói, ou fenómenos populares mais recentes, caso de As Cinquenta Sombras de Grey, de E. L. James. “Queremos meter todos estes livros a circular”, afirma.
A Re-Read tem três missões, enumera Inês: cultural, social e ecológica. Além de ajudar a população a criar novos hábitos de leitura, através destes preços mais acessíveis, está também a ajudar o ambiente.
“Ao reaproveitar os livros, estamos também a impedir que se abatam mais árvores para fazer novos exemplares. Nos dias que correm, temos de ter esta preocupação com a sustentabilidade, tanto a nível ambiental como social”, expõe.
A compra dos livros não podia ser mais facilitada. Basta entrar em contacto com a livraria, por chamada ou email, e levar até à loja, onde serão analisados. Se estiverem bem conservados, são adquiridos pela Re-Read. Se pretender vender mais de cem livros, as responsáveis do estabelecimento podem deslocar-se até ao domicílio para avaliar os exemplares.
Por enquanto, esta é a missão da Re-Read, cujas prateleiras se encontram quase despidas, tal tem sido o ritmo de compras desde que foi inaugurada. “Há muita gente curiosa em descobrir e experimentar este modelo de negócio novo. Há pessoas que vêm cá no início da semana e, quando regressam, deparam-se com uma oferta completamente diferente. Existe um factor surpresa nesta loja”, descreve, referindo ainda que o site tem um serviço gratuito de alertas para quem procura um livro específico.
No futuro, podemos esperar mais da livraria. Inês pretende fazer eventos neste espaço, como apresentações de livros, e adquirir uma máquina de café para tornar a loja também um espaço mais acolhedor para quem pretende ler ou trabalhar. É deixar passar a confusão do Natal e vão começar a aparecer mais “dinâmicas”, promete a fundadora.
Mas a verdadeira ambição é a expansão nacional. “Quero perceber se, eventualmente, fará sentido abrir mais lojas em Lisboa ou até mesmo fora da capital, porque, de facto, temos um conceito muito apelativo, seja em que lado for. Esta é a primeira experiência, esperemos que sirva para abrir mais portas”.
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